Polícia Federal investiga denúncias de tortura na aldeia Limão Verde
Publicado em 28/01/2021
Editoria: Polícia
Para acabar com os conflitos internos na Aldeia Limão Verde, os indígenas terão uma nova eleição no dia 7 de fevereiro e que terá o acompanhamento do MPF e das forças policias
As denúncias de tortura feitas por indígenas da Aldeia Limão Verde e que envolvem a disputa de comando na comunidade estão sendo apuradas pela Polícia Federal de Ponta Porã, na fronteira com Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O inquérito foi aberto por determinação do MPF (Ministério Público Federal).
Matéria publicada pelo Midiamax nesta quarta-feira (27), mostra que qualquer questionamento ao atual líder é recebido com torturas físicas e ameaças de morte. Diante do clima de tensão, acontecerá uma nova eleição para a escolha do capitão da aldeia, incialmente marcada para o dia 31.
De acordo com relatos de moradores, as situações de violência teriam começado no ano passado, quando a nova liderança indígena foi eleita. Desde então, os cerca de três mil índios que vivem na Limão Verde passaram a viver num clima de ‘tensão’.
“Fizemos uma reunião com o Ministério Público para tratar sobre essas situações. Num ano de pandemia, começaram a acontecer vários casos de violência, torturas, ameaças, homicídios, e diante disso, a aldeia se revoltou e agora pede uma nova eleição, para que outro líder indígena seja eleito”, explicou um dos moradores da aldeia.
No último dia 12 de janeiro, uma mulher de 29 anos procurou a delegacia de Polícia Civil de Amambai, após ter sido espancada por cinco pessoas e ser apontada como ‘bruxa’. Aos agentes, a vítima relatou que estava em casa, quando foi surpreendida pelo bando, formado por cinco mulheres e dois homens. Eles teriam chegado armados com martelo, facão e pedaço de madeira.
Procurado pelo Midiamax, o MPF explicou, por meio de nota, que tramita no órgão um inquérito civil, instaurado para mapear os conflitos internos existentes na terra indígena Limão Verde e as formas organizadas pelos indígenas com o fim de administrar a ausência de forças policiais na área.
Segundo o MPF, desde a instauração do referido inquérito, em 2018, o órgão atua como mediador e titular da ação penal, oficiando e promovendo reuniões com forças policiais, com a comunidade e com as lideranças indígenas, fazendo diligências e solicitando providências às autoridades competentes.
“Recentemente, houve um novo agravamento dos conflitos motivado pela escolha do capitão na referida aldeia, razão pela qual o MPF realizou, em 25/01/21, por videoconferência, reunião com ambos os grupos envolvidos na disputa”, diz um trecho da nota.
Conforme o MPF, a reunião resultou em consenso no agendamento da eleição para a liderança da comunidade e que ela aconteceria no dia 31 de janeiro. Entretanto, “informações dão conta de que os ânimos continuaram exaltados na comunidade e houve proposta de alteração da eleição para o dia 07/02, data que já foi aceita pelos candidatos”.
“Cumpre ressaltar que, considerando a possibilidade de potencialização e multiplicação de atos violentos na comunidade, o MPF solicitou apoio presencial da Polícia Militar, da Polícia Federal e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) para a realização da eleição”, conclui a nota.
› FONTE: Midiamax