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Lira diz que Congresso não é delegacia e que CPI da Covid neste momento é perda de tempo

Publicado em 26/04/2021 Editoria: Política


Presidente da Câmara afirma que pedidos de impeachment contra Bolsonaro serão analisados no tempo adequado

Presidente da Câmara afirma que pedidos de impeachment contra Bolsonaro serão analisados no tempo adequado

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), criticou novamente nesta segunda-feira (26) a instalação de uma CPI neste momento para apurar o enfrentamento da pandemia de Covid-19 e disse que o Congresso não é delegacia de polícia, e sim uma Casa de leis.
 
Em entrevista que não constava na agenda oficial, Lira falou na manhã desta segunda-feira à rádio Jovem Pan. Ele afirmou que o momento atual exige a busca de soluções para a pandemia, e não que se paralise uma das Casas para encontrar culpados pelos erros no combate à crise sanitária.
 
“Eu acho, é minha opinião, e ela é pública, é perda de tempo neste momento se instalar uma CPI porque o Congresso não é delegacia de polícia neste momento, é a Casa de leis”, disse.
 
“Neste momento, nós precisamos produzir leis que facilitem a vida do cidadão, que cuide do emprego, de quem gere renda, e que dê uma perspectiva melhor para a administração pública, como a reforma tributária.”
 
O deputado disse que a CPI vai funcionar com 10%, 15% dos senadores, mas vai ocupar espaço na mídia, exigir informações de órgãos do governo e usar estruturas do Senado em um momento em que o foco deveria ser na busca de soluções para a crise.
 
“Quem fez besteira, quem errou já está pego. Já se tem informações”, disse.
 
“Reunir senadores, trancar senadores, que têm mais idade, num momento desses de recrudescimento [da pandemia]...além do que neste momento em nada vai contribuir para a diminuição de mortos ou aumento de vacinas, que é o que nós precisamos.”
 
A CPI da Covid deve ser instalada nesta terça-feira (27), quando serão escolhidos oficialmente presidente, vice-presidente e relator da comissão.
 
O governo conta com apenas 4 dos 11 membros titulares. A situação de desvantagem se reflete na perda dos principais cargos, com a presidência caindo nas mãos do independente Omar Aziz (PSD-AM). O maior temor do Planalto, no entanto, é a relatoria destinada a Renan Calheiros (MDB-AL).
 
A CPI EM CINCO PONTOS
 
Foi criada após determinação do Supremo ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)
Investigará ações e omissões de Bolsonaro na pandemia e repasses federais a estados e municípios
Terá um prazo inicial (prorrogável) de 90 dias para realizar procedimentos de investigação
Relatório final será encaminhado ao Ministério Público para eventuais criminalizações
É formada por 11 integrantes, com minoria de senadores governistas
Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara falou ainda sobre os pedidos de impeachment contra o presidente Bolsonaro protocolados na Câmara. Até sexta-feira (23), eram 116, sendo 50 só na gestão Lira, há menos de três meses no cargo.
 
O deputado qualificou o movimento de normal e democrático e afirmou que traduzia a divisão na qual o Brasil se encontra.
 
“Cabe ao presidente da Câmara, de acordo com a Constituição, oportunidade e conveniência para apreciação desses casos”, disse. “90%, 95% dos que eu já vi não tem absolutamente nenhuma razão de ter sido apresentado, a não ser um fato político que queira se gerar.”
 
Lira afirmou que neste momento não é “conveniente” tratar de um assunto desta gravidade.
 
“Qualquer pedido de impeachment precisa ser oportunizado, é uma mudança drástica na sociedade brasileira. O ex-presidente Rodrigo Maia [DEM-RJ] passou cinco anos na presidência, dois anos de governo Bolsonaro, com mais 66 pedidos de impeachment, e não teve sequer um minuto de pressão para avaliação deste quadro.”
 
Segundo ele, os pedidos serão analisados no tempo adequado e de forma responsável. “Mas eu considero lícito, absolutamente normal e democrático que qualquer entidade ou grupo político se mobilize para pressionar o presidente da Câmara neste momento. É democrático.”
 
OS MEMBROS TITULARES DA CPI
Governistas
Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE), Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI)
 
Demais
Humberto Costa (PT-PE), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Otto Alencar (PSD-BA), Omar Aziz (PSD-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Braga (MDB-AM)
 
Suplentes
Jader Barbalho (MDB-PA), Luis Carlos Heinze (PP-RS), Angelo Coronel (PSD-BA), Marcos do Val (Podemos-ES), Zequinha Marinho (PSC-PA), Rogério Carvalho (PT-SE) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE)


› FONTE: Folha