Aquidauanense que batizou nome de asteroide ganha 'Black Talent Award'
Publicado em 21/07/2021
Editoria: Região
Luiz foi vencedor na categoria que reconhece minorias que se destacaram em seu campo de atuação
O céu não é o limite para o aquidauanense Luiz Fernando Silva Borges, de 23 anos. Depois de ter conquistado mais de 60 prêmios em feiras de ciências e engenharia nacionais e internacionais só no ensino médio, e até ter sido homenageado com um asteroide que recebeu seu nome, o estudante de engenharia da computação acaba de realizar mais uma conquista.
Trata-se da McKinsey Achievement Award: uma premiação promovida pela maior firma de consultoria do mundo, a McKinsey & Company (EUA), com o objetivo de reconhecer minorias que se destacaram em seu campo de atuação.
Dentre essas minorias estão pessoas negras, mulheres, pessoas LGBTQ+, e pessoas que vieram de contextos com poucos recursos econômicos. "Eu fui premiado com o McKinsey Black Talent Achievement Award como reconhecimento por minhas ações no campo da Ciência e Tecnologia", explica Luiz em entrevista ao Jornal Midiamax.
"Desde o ensino médio, que fiz no IFMS Campus Aquidauana, desenvolvi pesquisas e tecnologias na área de Engenharia Biomédica que receberam ao todo mais de 50 premiações nacionais e internacionais históricas. Dentre elas, um prêmio concedido pelo Laboratório Lincoln do MIT, que batizou o asteroide 33503 Dasilvaborges em minha homenagem", relembra ele.
Atualmente, Luiz Fernando cursa Engenharia da Computação, é sócio, co-fundador e diretor de tecnologia da Leventronic, empresa de tecnologia médica que está na iminência de homologar o ventilador pulmonar de emergência Leven67, desenvolvido com a motivação da pandemia.
Black Talent Award
O prêmio Black Talent Award aconteceu por meio de um processo em que os candidatos enviaram seus currículos contendo experiências profissionais, pessoais, premiações, e outros detalhes. Alguns foram selecionados para uma entrevista por videochamada, a fim de contar sua trajetória. Depois desta etapa, Luiz foi o premiado na categoria "Black Talent Award", ou "Prêmio de Talento Negro", em tradução literal ao português.
Para o estudante de engenharia da computação, a conquista representa a oportunidade de se posicionar contra o mito que &39;basta querer que você consegue ser o quiser, independente de qualquer coisa&39;. Em depoimento ao MidiaMAIS, ele diz que sempre aproveitou suas posições de destaque, como essa, para reconhecer os privilégios que teve em sua formação, e que foram os co-responsáveis por estar onde está.
"Apesar de ser negro, de uma família de pais separados, de classe média e do interior do Estado, tive a sorte de crescer sob a influência de três mulheres: minha mãe, minha tia e minha bisavó (hoje falecida e principal motivação por trás de minha pesquisa com comunicação com pessoas em coma usando eletroencefalograma). Elas foram meus maiores exemplos de autoestima e disciplina", relata Luiz.
Foi assim que Luiz teve acesso ao seu primeiro kit de química, microscópio, telescópio, livro de ciências e também a lugares como bibliotecas, museus e consertos. "Minha mãe, principalmente, sempre abriu mão de muita coisa para que eu tivesse vários privilégios que eram bem alheios a pessoas de nossa classe social ou localização", afirma o jovem.
"Infelizmente, algumas pessoas em situações similares podem não contar com a mesma sorte e depois se cobram exacerbadamente quando veem na mídia algumas pessoas que &39;chegaram lá&39; dizendo que o esforço é a única coisa necessária. Acredito não precisar evidenciar que disciplina e instrução são essenciais para que qualquer objetivo seja conquistado, mas sem as oportunidades corretas ou meio correto, a pessoa não terá uma mente onde essas virtudes possam se desenvolver"
"Quero algum dia poder ser capaz de retribuir isso para a sociedade, a fim de torná-la mais igualitária, fazendo da ciência e do método científico meios de transformação e mobilidade social. Enxergo minhas ações em Ciência e Tecnologia como formas de retribuir para a sociedade parte dos privilégios que recebi graças aos sacrifícios de quem me criou e me educou", completa o estudante.
Com tantos reconhecimentos e alçado a grandes voos, o aquidauanense não desfaz de suas raízes e bate no peito para falar da cor, uma das responsáveis pelo mais recente prêmio conquistado. "Tenho orgulho de ter a rastreabilidade de minha ascendência afro-brasileira, uma vez que minha tataravó materna nasceu em uma senzala em Minas Gerais. Nos momentos mais difíceis, frequentemente recorro a especular sobre tudo aquilo que meus antepassados suportaram apenas para que eu existisse hoje", finaliza.
› FONTE: Midiamax