Além de bebê que morreu, criança de 3 anos também foi vítima de ritual
Publicado em 06/08/2021
Editoria: Polícia
Assim como o bebê morto em Miranda, outra vítima também sofreu queimaduras e lesões graves
A morte do bebê de 9 meses após ser submetido a quatro dias de um ritual espiritual em Miranda – cidade a 201 quilômetros de Campo Grande –, revela a atuação de curandeiros há vários anos nas aldeias da região e alerta para os riscos as vítimas. Em janeiro deste ano, uma criança de 3 anos deu entrada no hospital com queimaduras e lesões graves, após ser atendida por uma “curandeira”, em Aquidauana.
Assim como a morte do bebê, o caso da menina só chegou ao conhecimento da polícia após a família recorrer a atendimento médico. Em ambos os casos, os ferimentos das crianças eram graves. As duas também sofreram queimaduras e tiveram as lesões cobertas com óleos e tinta, procedimento do ritual.
Segundo o delegado Pedro Henrique Pillar Cunha, titular da delegacia de Miranda, as semelhanças entre os casos fizeram com que a polícia investigasse a possibilidade da mesma pessoa ser autora dos dois crimes, no entanto, a princípio, os “curandeiros” são diferentes. A apuração, no entanto, revelou que essas pessoas atuam há várias gerações nas aldeias.
“Se percebe que existem pessoas que fazem isso nas aldeias há muitos anos, que são conhecidas por essa prática”, explicou. “Neste caso, o responsável principal pelos procedimentos espirituais continuou os trabalhos do pai que fazia isso há muitos anos na aldeia”, detalha o delegado. Por isso, é comum os moradores recorreram aos rituais de cura.
Os casos – Em janeiro deste ano, a menina de 3 anos foi levada ao hospital com queimaduras e lesões nas partes íntimas. A mãe foi presa e revelou que teria recorrido a uma curandeira, porque a criança não conseguia defecar. Ela foi obrigada a se sentar em um tijolo quente durante o procedimento, que durou um dia e uma noite.
No mês seguinte, o menino de 9 meses foi levado pelos pais ao Hospital Regional de Miranda com várias queimaduras pelo corpo e já sem vida.
Os familiares entregaram o bebê sob alegação de que ele estava com “sapinho”. No entanto, não foi encontrado indício da doença, mas sim, lesões circuladas com tinta vermelha e cobertas com espécie de pó preto. Também havia terço com cruz de madeira envolto no pescoço.
Na triagem, a enfermeira constatou que a criança já estava morta, há pelo menos, 40 minutos e a indiferença dos pais fez com que a polícia fosse avisada. Eles confessaram que o menino passou por ritual de cura quatro dias seguidos e chegou a ser levado a dois curandeiros. Os quatro adultos foram presos nesta quinta-feira (5), pela Polícia Civil.
› FONTE: Campo Grande News