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Nascida como garimpo, Piraputanga completa 90 anos com bailão na praça

Publicado em 22/10/2021 Editoria: Turismo


Marcus Maluf

Marcus Maluf

Distrito reúne histórias de pessoas que trocaram a cidade grande pelos cenários naturais da região
 
Piraputanga, distrito de Aquidauana, distante 122 quilômetros de Campo Grande, completa 90 anos no dia 24 de outubro, data celebrada com direito a festão na praça principal, regada a música regional e promessa de presença em peso dos moradores.
 
As festividades começam às 18h de sábado (23) e vão até as 3h de domingo, com bailão do violeiro Marlon Maciel e o grupo Trem Pantaneiro, além da anual distribuição de livros, uma tradição da comunidade. No dia 24, haverá às 18h, culto de ação de graças em comemoração ao aniversário do distrito.
 
Aqui no Lado B, já mostramos vários aspectos de Piraputanga. E história para contar é o que não falta na região: desde o restaurante que é o "point" dos artistas da Globo a caminho para o remake de Pantanal, até a história do "Zé Descamisado", e espaço cultural que era um bolicho de quase 80 anos, Piraputanga tem de tudo um pouco.
 
“Pira”, como é apelidada por quem vive lá, nasceu como terra de garimpo e quase teve outro nome. Em seu livro “Piraputanga, a Magia do Vale”, o escritor e poeta Milton Vicente de Ferreira, de 80 anos, conta toda a história da fundação do distrito.
 
“Em 1929, um grupo de garimpeiros, atraídos pelo “fervo” da atividade no distrito vizinho Palmeiras, achou pedras preciosas na localidade, onde hoje é Piraputanga. Esse grupo se fixou ali, o que consequentemente atraiu ainda outras pessoas interessadas em viver na região para garimpar. Para que eles pudessem comercializar o que encontravam, fundou-se em 24 de outubro 1931 oficialmente o distrito”, relata.
 
Mas o nome era outro: Igrapiuna, como o município no interior da Bahia. “Esse nome não agradou muito aos moradores. Então, por causa do córrego com muitos peixes, foi feito um pedido oficial para o Governo do Estado de mudança de nome. Em 1959, foi então que o distrito ganhou o nome de Piraputanga”, acrescenta. O nome significa “peixe vermelho” em tupi guarani.
 
Todos os anos, na festa de aniversário, Milton distribui vários livros, entre eles, cópias de sua própria obra para os participantes. A pesquisa foi feita com os próprios moradores durante quase 4 anos, além de várias consultas documentais. “Esse ano, será uma edição ampliada, com ainda mais entrevistas de pessoas que ficaram de fora na primeira vez”, detalha.
 
Quando questionado sobre o que gosta em Piraputanga, Milton responde sem nem hesitar que é a natureza. “Eu gosto de tudo, é uma beleza natural incrível, a Serra de Maracaju. E o povo também, é um povo muito bom, ela tem seus encantos, eu sou apaixonado por isso aqui”, expressa.
 
Outro que não resistiu aos encantos naturais de Piraputanga foi o aposentado Nilson Ferreira, de 72 anos, conhecido como Bill. Tudo começou com uma visita em uma chácara de um amigo em Piraputanga, em 1977.
 
Quem sabe a história em detalhes é a esposa, Cleidecir Ferreira, de 68 anos. “Bill veio passar o final de semana e se apaixonou. O nome do lugar era “Chácara Esperança", um lugar contagiante. Com o passar do tempo, adquirimos a propriedade e nos mudamos definitivamente em 1985”, conta.
 
Foi também em Piraputanga, que Bill seguiu carreira política como vereador. Além disso, também trabalhou com gado de leite e até transporte de passageiros, mas hoje, o negócio familiar é um pesqueiro na região.
 
Entre vários moradores mais antigos da região, está a família da dona de casa Elizabeth Latzcker dos Santos Vicente, de 72 anos. Natural do interior de São Paulo, a família se mudou para Piraputanga na década de 60, também encantada pela beleza natural.
 
“Meu pai, seu José Amarildo, trabalhava em Corumbá e pegava o trem que passava pela região. Ele dizia que sempre sonhava em morar nesse lugar, de tanto que se apaixonou pela paisagem. Até que comprou várias chácaras”, relembra.
 
Ela viu o local crescer e se desenvolver. Hoje, cada irmã tem uma chácara, dividida pelo pai para a família, e memórias que mudaram a vida. “Foi em uma viagem de trem de Piraputanga, que fui pedida em casamento pelo meu marido, que hoje já é falecido. Criei meus filhos lá, que também são apaixonados pela natureza e fazem questão de levar os próprios filhos também, para sentirem a mesma paixão. Eu amo esse lugar!”, lembra Elizabeth.
 


› FONTE: Campo Grande News