Cirurgia de rapaz que levou tiro no rosto garante qualidade de vida
Publicado em 03/02/2022
Editoria: Saúde
Após tratamento na Santa Casa, jovem recebeu alta recuperado e bem diferente do contexto que entrou
Após ser vítima de ferimento de arma de fogo no rosto, o paciente de 24 anos internado na Santa Casa de Campo Grande vem evoluindo bem ao tratamento cirúrgico indicado para reverter a fratura de mandíbula e de elementos dentários causados pelo disparo.
A intervenção conduzida pela equipe do Serviço de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial tem contribuído na recuperação da qualidade de vida do jovem que recebeu alta recuperado na última segunda-feira, dia 1º.
O atendimento inicial feito pela equipe do SAMU-Alfa, trouxe o paciente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), horas depois do ocorrido, em estado grave para o Pronto-socorro do hospital.
E passados alguns dias de desafios entre estabilização na área vermelha, avaliações das especialidades, cirurgia e até internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o jovem saiu da Santa Casa com um contexto completamente diferente de como entrou, estável e feliz pela evolução.
Dr. Wolnei Zeviani, neurocirurgião assistente, explica que o projétil de arma de fogo entrou pela boca e ficou alojado na coluna vertebral cervical.
O especialista afirma que não havia conduta operatória para o fragmento da bala que estava na vértebra, porém, no momento da chegada, não era possível estimar se o paciente teria sequelas, “pois o fragmento poderia causar lesão térmica a medula espinhal ou lesão um uma importante artéria que irriga o cérebro, artéria vertebral”, comentou o médico.
Já nas primeiras horas sob os cuidados da equipe da Santa Casa de Campo Grande, os cirurgiões bucomaxilofaciais submeteram o paciente a um procedimento cirúrgico de urgência. "Realizamos a cirurgia para retirada de fragmentos do projétil que estavam alojados na cavidade oral, contivemos o sangramento, reparamos os ferimentos da língua e mucosa, e além disso também removermos fragmentos ósseos e dentários de forma rápida e segura", explicou Dr. Lucas Meurer.
Em vigilância neurológica na UTI, aos poucos foram retirados os sedativos do paciente até o despertar e, ao ser avaliado pela equipe de cirurgiões de cabeça e pescoço, os desafios não pararam por aí. Os especialistas evidenciaram que não seria possível a retirada do tubo, pois ainda havia inchaço na região da orofaringe (parte da garganta), o que dificultaria a sua respiração, sendo então feita uma traqueostomia para facilitar a chegada de ar até os pulmões.
Respondendo a expectativa de evolução das equipes médicas, o paciente ficou nos últimos dias de internação na enfermaria do Serviço de Neurologia em processo de retirada da sonda enteral, forma utilizada para ajudar pacientes na alimentação de casos que não podem ou conseguem alimentar-se via oral, até que conseguisse ir para casa da forma mais segura possível alimentando-se pela boca. “Este paciente ganhou uma segunda vida, a trajetória que o projétil fez poderia causar lesões de vasos sanguíneos, de esôfago, traquéia e até medular. O fragmento ficou alojado na coluna cervical, porém, não irá causar problemas na mobilidade cervical”, destacou Dr. Wolnei.
Agora, após a alta, o jovem seguirá em acompanhamento ambulatorial com as equipes do Serviços de Neurocirurgia e Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial. Ainda serão necessários exames seriados para descartar que o projétil não irá se deslocar com o passar do tempo. "Retirar o projétil inicialmente não iria trazer benefícios ao paciente, e isso também levaria ao risco de uma hemorragia de difícil controle, pois o projétil provavelmente causou ruptura da artéria vertebral direita. E por isso será preciso esse acompanhamento por mais algum tempo", explicou Dr. Wolnei.
Depois de acompanhar de perto os diversos desafios enfrentados pelo filho, a mãe desabafa com voz aliviada que “é um milagre meu filho estar vivo e bem hoje, agradeço a todos os envolvidos”, finalizou.
› FONTE: ASCOM Santa Casa de Campo Grande