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Ele comprou restaurante de patrão assassinado para manter empregos

Publicado em 30/03/2022 Editoria: Cidade


Ao perguntar indicação de um restaurante para comer peixe no almoço, a sugestão do restaurante Estação Pantaneira, em Aquidauana, chega acrescida de duas observações: aquele que tem o trem do Pantanal ao lado e que o antigo dono morreu.
Na mesa, enquanto um dos funcionários anota o pedido ele conta outro detalhe que chama atenção. O novo dono é o antigo gerente, que resolveu comprar o restaurante depois que o patrão foi assassinado, para manter o emprego de outros dois colaboradores.
 
Braunei de Arruda é o novo proprietário. Simpático e andando de um lado para o outro do salão, ele comanda e também atende os clientes. Quando questionamos a história, ele confirma, mas acrescenta. “O emprego era importante, mas queria manter também a história dele por aqui. Quem o conhecia sabia que ela era um bom patrão e gostava muito do restaurante”, conta.
 
Braunei era amigo de Ronaldo dos Santos Batista, o antigo dono foi vítima de latrocínioem Aquidauana. À época, o crime comoveu a cidade e muitos amigos, especialmente Braunei, que via no patrão um grande amigo. “Era um homem de bem, que tratava as pessoas com muito respeito. Ronaldo era amigo dos seus funcionários e admirado por muita gente aqui. O que aconteceu com ele foi muito injusto”.
 
Logo após o falecimento, Braunei e outros dois funcionários resolveram continuar no restaurante. A família de Ronaldo, embora estarrecida com o crime, até decidiu manter o estabelecimento, mas não teve forças para continuar. Foi quando surgiu oportunidade e o gerente fez oferta para comprar o restaurante. “A família de Ronaldo também é maravilhosa, a mãe dele me tem como um filho. Decidi que manter o restaurante seria uma forma de manter a história dele”.
 
A compra foi feita e, nos últimos anos, Braunei está no comando do estabelecimento. O lugar que hoje fica na estação de trem, tem parte do Trem do Pantanal na área externa da estação. Os vagões, abandonados, estão com parte interna deteriorada. Do restaurante é possível ver o que restou da história e do tempo que o trem era protagonista no lugar.
 
Para o dono, essa ligação com a história é o que torna o lugar especial. “Gosto muito daqui, não pretendo sair”.
 
Braunei lembra que começou a trabalhar como garçom aos 19 anos, quando saiu do quartel. De lá pra cá ganhou experiência em restaurante e nunca mais abandonou o ofício. “Nem de longe eu imaginava que esse seria meu destino, mas gostei e quis continuar”.
 
Hoje, ele afirma que a tarefa de manter um restaurante não é fácil, “especialmente com a alta nos preços de tudo”, ponta. “Mas a gente faz por amor, né. Além disso, é gratificante quando a pessoa comenta que gosta do nosso peixe”.
 
No self-service diário tem pratos tradicionais, massa, e claro, o tradicional peixe. Tem dia que é moqueca e no outro peixe frito. Experimentamos também o pirão, bem saboroso para quem não dispensa o caldo. E mesmo no calor, o prato esgota no buffet.
 
Feliz com a visita, Braunei diz animado que, com a chegada da novela Pantanal, acredita que o turismo na região vá se fortalecer e espera que os tempos de glória para donos de restaurante venham no combo. “Principalmente depois de momentos tão difíceis na pandemia”.
 
O restaurante funciona na Rua Bichara Salamene, 286.
 
 
Espaço manteve empregos e história de antigo dono. (Foto: Paulo Francis)
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› FONTE: CAMPO GRANDE NEWS