Acidentes em MS provocam sequelas físicas e sociais, alerta a Santa Casa
Publicado em 10/05/2022
Editoria: Saúde
Durante o ano passado inteiro, o hospital atendeu 2.998 pessoas nesta condição
O Pronto-socorro da Santa Casa de Campo Grande recebe diariamente vítimas de todos os tipos de acidentes em estados de média e alta gravidade. E maioria deles são de envolvimento no trânsito em geral. Durante o ano de 2021 inteiro, o hospital atendeu 2.998 pessoas nesta condição. E esses números não só mostram uma realidade preocupante, como também as marcas que essas ocorrências trazem, no caso das sequelas sociais.
Ainda em 2021, analisando os dados gerados pela Sala de Inteligência de Negócios e Controle do hospital, dos 2.998 pacientes atendidos, 2.334 eram do sexo masculino e 664 do sexo feminino. A quantidade impressiona, quando deste total de ocorrências, 2.206 envolveram motocicletas.
E a quantidade de vítimas desta modalidade normalmente dão entrada com lesões mais sérias. Além disso, é preciso destacar que no referido ano, houveram 73 óbitos que o motivo de internação foi por acidente de trânsito.
Como se não bastasse o quadro complexo, ainda existe um fator muito importante, porém pouco falado, que são as sequelas sociais que esses casos atraem. Os números de atendimentos aos pacientes de trânsito em 2021, fizeram com que 2.575 pessoas passem por alguma abordagem cirúrgica que, por vezes, demanda intervenções de um ou mais especialidades, como: ortopedia e traumatologia, neurocirurgia, bucomaxilofacil e cirurgias geral e torácica, especialmente.
São inúmeros procedimentos na busca por restabelecer a condição do paciente, mas e depois? Acontece que o acompanhamento pós-alta da maior parte dos casos de acidentados demora, em média, de três a seis meses. Como no caso do paciente Alison Sergio Teixeira, 22 anos, mecânico de moto autônomo que se acidentou em fevereiro de 2022 por colisão entre moto e carro. Ele é exemplo do desafio que é lidar com essas sequelas.
“O cara que invadiu a pista, furou a sinalização de pare, e me acertou de lado. O impacto fez meu fêmur quebrar, coloquei um extensor e depois fiz a cirurgia definitiva. Eu trabalhava, sou autônomo, e agora fica complicado por não ser seguro. Eu não sei quanto tempo ainda vai levar meu tratamento, mas sei que não posso trabalhar por enquanto. E isso me preocupa muito”, destacou Alison.
Alison teve uma luxação traumática do quadril com fratura do acetábulo. Seu procedimento definitivo foi em março deste ano e recebeu alta hospitalar em dois dias após a cirurgia. Acontece que, em muitos casos, há intercorrências e com ele não foi diferente. Ele teve uma trombose, tratou e também foi acompanhado pela equipe da cirurgia vascular via ambulatório, além da ortopedia. Seu primeiro retorno foi em abril de 2022.
Quem conhece de perto esta realidade, sabe da crescente demanda e complexidade dos casos recebidos na Urgência e Emergência da Santa Casa nestes últimos anos. O médico emergencista do Pronto-socorro, Dr. Rodrigo Quadros, um dos plantonistas da ala que normalmente estabiliza e dá os primeiros atendimentos a essas vítimas, fala da “operação de guerra”, realizada pelas equipes multiprofissionais.
“Aqui nós damos o primeiro atendimento, avaliamos a gravidade e acionamos a múltiplas especialidades, mas os casos têm sido cada vez mais graves. E aí entra uma situação difícil, concorrer a uma vaga no centro cirúrgico, devido as fraturas, lesões no tórax, abdômen e até na cabeça. Essa grande demanda gera um acúmulo de pacientes, por uma situação que poderia ser evitada muitas vezes”, enfatizou Dr. Rodrigo.
› FONTE: ASCOM Santa Casa de Campo Grande