Como em roda de viola, últimos minutos de Delinha são ao som de musica
Publicado em 17/06/2022
Editoria: Arte e Cultura
“Ela é a luuuuuaaaa”, cantaram parentes, amigos e fãs na despedida da “Dama do Rasqueado”
Após um dia inteiro de despedidas, Delanira Pereira Gonçalves, a Delinha, foi enterrada ontem sob a canção que marcou sua carreira, “O Sol e a Lua”, em meio a muitos fãs, amigos e familiares.
Eternizada na história da música sul-mato-grossense, o corpo da “Dama do Rasqueado” foi sepultado durante o pôr do sol desta quinta-feira (16), em uma cerimônia que se transformou em roda de viola por mais de uma hora.
Emocionante, o enterro foi realizado no Cemitério Jardim da Paz após um longo cortejo e, durante o momento da despedida, a música mais famosa de Délio e Delinha foi entoada por todos os presentes. Enquanto na letra original, Delinha cantava “eu sou a lua”, o público, que fez do sepultamento da cantora um show, não se intimidou a bradar: “ela é a luuuuuaaaa”.
Mesmo depois de terminado o momento em que o caixão foi colocado na sepultura, a plateia continuou com outras canções, como “Prenda Querida” e modões. Entre pequenas pausas, o filho de Delinha, João Paulo Pompeu, agradeceu por todas as homenagens e ficou ainda mais emocionado.
Minha mãe está feliz lá no céu junto de Deus. Ela passava por aqui quando estávamos pegando estrada e dizia &39;essa vai ser minha última morada&39;, mas sempre falava com alegria. Agora ela está em outro momento”, disse João, ao lado da mãe.
Além das músicas, Delinha recebeu muitas flores, palmas e lágrimas durante todo o “adeus”. Liderando a roda de viola, o gaiteiro Nilsinho Chamamezeiro, de 67 anos, explicou que a despedida fez jus aos gostos da amiga de vida.
“Esse é o momento mais triste. Convivi com Delinha por mais de 15 anos e estou me despedindo porque é uma vontade de Deus. Ela gostava muito de música e com certeza está feliz nesse momento”, narrou Nilsinho.
Músico e amigo das antigas da “Dama do Rasqueado”, Antônio Rodrigues de Queiroz, o Castelo, destacou que apesar da tristeza, agora, "o Sol e a Lua" estão reunidos mais uma vez. “É muita tristeza no coração, mas não é a minha vontade que predomina. Uma hora dessas, a Delinha deve estar ao lado do Délio e com certeza &39;o Sol e a Lua&39; vão brilhar muito mais forte agora”.
Familiares, amigos e fãs se uniram para entoar canções durante o sepultamento. (Foto: Gabriela Couto)
Também acompanhando a trajetória da amiga, Sebastião Marinho dos Santos disse que foi uma honra ter conhecido Delinha por quase toda a vida. “Eu acompanhei Delinha desde cedo e realmente foi um choque perder a rainha do sertanejo”.
Antes do cortejo, entre 11h e 16h, o velório de Delinha foi composto por muita saudade e homenagens. Realizada na Câmara de Vereadores de Campo Grande, a despedida foi o momento de fãs, familiares e amigos começarem a dar o último adeus.
Assim como no momento do sepultamento, quem acompanhou o velório se despediu de Delinha durante o fechamento do caixão também ao som de O Sol e a Lua.
Agradecendo a presença de todos ainda no velório, o filho de Delinha, João Paulo Pompeu, reforçou que a mãe está eternizada na memória de Mato Grosso do Sul. “A gente fica com uma saudade, mas espiritualmente ela vai estar sempre comigo. E um artista não morre, ela vai ficar eternizada na nossa história”.
Ao seguir com as despedidas, sob o pôr do Sol, fãs que estavam pelas ruas acompanharam o cortejo de Delinha mostrando discos da dupla, aplaudiram e choraram pela perda da artista.
Percorrendo várias vias da cidade, a Dama do Rasqueado foi levada pelo Corpo de Bombeiros até sua despedida final no Cemitério Jardim da Paz. Saindo da Câmara dos Vereadores, o cortejo seguiu pela Avenida Ricardo Brandão, Rua Jeribá, Avenida Ministro João Arinos, Rua Joaquim Murtinho, Avenida Eduardo Elias Zahran, Costa e Silva, Fábio Zahran, Manoel da Costa Lima, Trevo Imbirussu e, por fim, Avenida Gunter Hans.
Entre as homenagens, o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), informou que o Estado está em luto por três dias. “Mato Grosso do Sul perde um ícone do regionalismo, mas ao mesmo tempo deixa um legado para a música sertaneja”, afirmou.
Vítima de uma pneumonia, Delinha ficou internada por onze dias e recebeu alta no dia 25 de maio. Já em casa, ela passou a se recuperar, mas a saúde decaiu, fazendo com que a cantora se despedisse desse mundo nesta quinta-feira (16).
› FONTE: Campo Grande News