Ladrões não perdoam nem túmulo do fundador de CG e furtam foto
Publicado em 23/07/2022
Editoria: Cidade
História de Campo Grande definha com epitáfios de ícones do passado furtados
Uma cidade com a história esquecida e furtada. Prestes a completar 123 anos, no dia 26 de agosto, Campo Grande mostra que não se referencia ao passado, assistindo inerte o descaso que ocorre todos os dias, de forma silenciosa, no primeiro cemitério da Capital.
O Santo Antônio, localizado entre as avenidas Calógeras, Consolação e Eduardo Elias Zahran, guarda os corpos das famílias mais tradicionais da cidade e pessoas que deixaram legados importantes até mesmo para o Estado.
Mas basta fazer um passeio rápido pelos túmulos e perceber que o lugar definha, perdendo uma batalha para os ladrões de cobre e bronze que fazem a festa levando as homenagens das lápides.
Nem mesmo o epitáfio do fundador da Capital, José Antônio Pereira, teve a compaixão dos criminosos. A foto do mineiro que desbravou estradas e foi responsável por começar tudo que Campo Grande é hoje, foi levada. A tumba fica próxima a entrada principal e tinha uma estátua no local. Mas agora só restam as datas de nascimento e de morte.
No cemitério também estão os jazigos do 36º governador de Mato Grosso, Arnaldo Estêvão de Figueiredo, do primeiro chamamezeiro do Estado, Zé Corrêa e de integrantes de famílias como Nasser, Nedes, Martins e Saad.
Dentre outros nomes renomados que ‘descansam sem paz&39; no cemitério Santo Antônio está o da atriz Glauce Rocha. Famosa por atuações no teatro e na televisão, o túmulo dela teve os letreiros furtados, sem data de obituário ou qualquer outra informação.
O próprio doador das terras do cemitério e o primeiro a ser sepultado no local, Amando de Oliveira, está com o túmulo sem placas, com paredes de cimento deterioradas. Apenas a data 1925 está presente no local.
O epitáfio do ex-prefeito da cidade, Ary Coelho teve o símbolo em cobre de medicina, sua profissão de ofício, furtado. O local onde foi sepultado também está sem placas e possui apenas a identificação de Ary Neto, familiar que também divide a mesma cova.
O educador Hércules Maymone, que é homenageado dando nome para prédios de escolas no Estado, teve o túmulo totalmente saqueado. Furtaram placa, foto, santo, e o arco de flores sobre a tumba está abandonado, enferrujado e sem plantas.
Um pouco mais recente, o local onde foi sepultado o corpo do advogado, professor e produtor rural, Eduardo Machado Metello, tem apenas a placa com o nome e data. O homem que chegou a ser vice-presidente da Confederação Nacional da Agricultura teve as homenagens que estavam na lápide levadas, como todos os demais que dividem espaço no mesmo cemitério.
Resposta – O administrador dos cemitérios de Campo Grande, Marcello Fonseca, explica que a obrigação pelos cuidados com os jazidos é dos familiares responsáveis pelo título. “Todos que tenham uma linhagem direta com o proprietário do título podem e devem conservar seus locais. A Prefeitura, através da Sisep, possui gestão sobre os cemitérios e não seus lotes”, explicou.
No caso dos corpos de nomes renomados que foram citados na matéria, existe apenas uma saída para preservar a história após toda a árvore genealógica ter partido. “Esses túmulos específicos deveriam receber um estudo e análise para serem tombados pelo município, como patrimônio da sua história, e não te mais sepultamentos nos mesmos. Aí sim a gestão passaria para a Prefeitura”, justifica.
› FONTE: Campo Grande News