“Aposentadoria dos índios vai acabar”, diz em Aquidauana deputada indígena
Publicado em 13/05/2019
Editoria: Brasil
Deputada foi levantada pelos índios Terena (Foto: Paulo Francis)
Joênia Wapichana participou da Assembleia Terena erm aldeia de Aquidauana e disse que tem sido pouco discutido como a reforma vai atingir povos indígenas
De roupa simples e chinelos, ela foi exaltada e elevada ao ar por um grupo de índios Terena após a dança tradicional da etnia na sexta-feira (10), terceiro dia da 13ª Assembleia Terena na aldeia Ipegue, em Aquidauana, a 135 km de Campo Grande. É Joênia Wapichana, primeira deputada federal indígena do Brasil, eleita pela Rede.
Da etnia Wapichana de Roraima, é a nova promessa de defesa dos direitos dos povos indígenas no Congresso. Primeira mulher indígena a exercer a profissão de advogada, ficou famosa pela defesa da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, caso emblemático do STF (Supremo Tribunal Federal).
Ao pisar na Câmara dos Deputados não perdeu tempo. Sua primeira semana já rendeu um projeto de lei para trazer consequências mais graves a crimes ambientais como o de Brumadinho (MG), tornando-os crimes hediondos.
Atualmente, afirma que o trabalho mais desgastante tem sido na análise do projeto de reforma da previdência, que se diz contrária. Para ela, pouco tem se discutido como a reforma vai atingir os índios, boa parte empregada como trabalhadores rurais. Se a proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019) for aprovada, a idade mínima para aposentadoria dos trabalhadores rurais será de 60 anos para mulheres e homens e o tempo de contribuição será de 20 anos.
“Os indígenas, não sei se estão debatendo, mas essa reforma proposta pelo governo praticamente acaba com a aposentadoria relacionada aos trabalhadores rurais, onde os povos indígenas estão enquadrados”, comenta.
Machismo e racismo – Depois de Mário Juruna, índio xavante eleito deputado federal em 1982, Joênia é a única parlamentar indígena a colocar os pés no Congresso. É diário, afirma, o enfrentamento ao “machismo, ao classismo e racismo”.
› FONTE: Campo Grande News