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Maio Laranja: Medo do julgamento familiar dificulta denúncia de abuso sexual

Publicado em 05/05/2023 Editoria: Política


O abuso e a exploração sexual são uns dos crimes mais brutais que existem, com consequências incalculáveis para a saúde mental e física de milhares de crianças em todo o mundo. E apenas uma parcela ínfima desses crimes chega às autoridades. É o que caso de J.G., que somente hoje, com 38 anos, tem consciência que sofreu abuso sexual do tio.

“Nas reuniões de família, ele me colocava nos ombros e pulava. Durante a brincadeira, ele colocava o dedo na minha vagina. Eu me sentia mal, tentava fugir dele nos encontros familiares, mas ele dava um jeito de me pegar no colo. Há pouco tempo, ouvindo uma palestra sobre o Maio Laranja, percebi que aquilo era abuso sexual. Não tive coragem de contar para meus pais e nem penso em denunciá-lo à polícia. Quando eu o vejo, tenho muito nojo. Também sinto medo e culpa. Fico preocupada que isso cause dor em toda família, que permanece sem saber o que sofri dos meus 6 aos 10 anos”, relatou.

Para buscar instrumentos que garantam uma infância sem violência, a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) criou a Lei 5.118 de 2017, que instituiu a Campanha Maio Laranja - de combate ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes em Mato Grosso do Sul. Durante todo o mês, órgãos públicos, entidades sociais, escolas, igrejas e sociedade civil organizada realizam atividades para conscientização, prevenção, orientação e combate a esse tipo de casos.

No Brasil, uma em cada cinco meninas diz já ter sido tocada, manipulada, beijada ou ter tido partes do corpo expostas contra a sua vontade. É o 2º tipo de violência mais comum. Apenas 2% dos casos são denunciados, desses somente 9% dos autores são condenados. A maior parte desses crimes é praticada por pessoas que são do núcleo familiar ou que têm acesso privilegiado à rotina da criança. Por isso, é muito difícil a denúncia e a interrupção do abuso.

Especialistas indicam oito dicas que podem identificar possíveis sinais de abuso sexual em crianças e adolescentes. São elas: mudança repentina de comportamento (a criança nunca agiu de determinada forma e, de repente, passa a agir), proximidade excessiva (a criança desaparece por horas ou se torna alvo de um interesse incomum), regressão (recorre a comportamentos infantis, como fazer xixi na cama ou voltar a chupar o dedo), segredos (abusador pode fazer ameaças e promover chantagens às vítimas), hábitos (pode ser uma mudança na escola, na alimentação e no modo de se vestir), questões de sexualidade (começa a fazer desenhos em que aparecem genitais), questões físicas (lesões, roxos, dores e inchaços nas regiões genitais) e negligência (a criança que passa horas sem supervisão ou que não tem o apoio emocional da família).

O Disque 100 foi criado para receber denúncias de situações de violação de direitos humanos que aconteceram ou estão em curso, para que órgãos competentes sejam acionados. As ligações são gratuitas e o serviço funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.

Os Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) são unidades públicas que funcionam como porta de entrada para o encaminhamento e atendimento de pessoas em situação de risco social ou que tiveram seus direitos violados, dentre essas, crianças e adolescentes.

A equipe de comunicação da ALEMS criou um material direcionado ao público infantil. O livro digital “Capivarinhas não são sozinhas” aborda o assunto por meio de uma história leve e lúdica.



› FONTE: AL MS