Padaria do semiaberto da Gameleira doa mais de 25 mil pães ao mês
Publicado em 24/06/2023
Editoria: Região
Instalada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, presídio de regime semiaberto da capital de MS, a Padaria da Liberdade é um projeto da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande que completa dois anos de funcionamento. A padaria contribui não apenas para a ressocialização dos internos responsáveis pela fabricação diária de cerca de 2,5 mil pães, mas também beneficia a sociedade local, por meio da doação de parte de sua produção para públicos carentes, como os assistidos pela Central Única de Favelas (CUFA), instituições como a APAE, Cotolengo e Pestalozzi, além de pacientes e acompanhantes dos hospitais São Julião e Universitário.
O projeto do TJMS foi implantado em maio de 2021 e conta com o apoio da Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), do Conselho da Comunidade de Campo Grande, do Senac, UFMS, além de duas empresas sediadas dentro do presídio semiaberto da Gameleira, entre outros parceiros. A ação tem o objetivo de gerar vagas de trabalho aos reeducandos, bem como capacitá-los para o mercado de trabalho.
O êxito da iniciativa garante a doação diária de parte da produção em benefício de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, cinco reeducandos cumprem jornada matinal na padaria, de segunda a sexta-feira, das 6 às 14 horas, e recebem um salário mínimo por mês. Para trabalhar no local, eles foram capacitados em panificação e salgados pelo Senac.
A produção do dia é concluída no início da tarde, quando é feita a destinação de 1.400 pães franceses à empresa terceirizada que fornece alimentação aos internos do presídio. Para legalizar a venda de pães à terceirizada, uma vez que a padaria não tem inscrição estadual para emitir nota, a parceria com a Fapec - Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura, da UFMS, garante a comercialização legal dos produtos e gerencia também a compra, via licitação, de insumos para a produção, como trigo, açúcar, sal, produtos de limpeza, etc.
Outros mil pães são destinados todos os dias ao programa Mesa Brasil Sesc, rede nacional de banco de alimentos, que atua contra a fome e o desperdício. A equipe local do programa retira os pães no estabelecimento penal e administra as doações a diversas entidades cadastradas.
Somente no mês de maio, relatório do Mesa Brasil aponta que foram doadas 14.920 unidades a 70 instituições, alcançando um total de 10.320 pessoas. Já a CUFA recebeu em maio 6.480 pães produzidos pelos presos.
A Padaria da Liberdade doa ainda um total de 700 pães de leite por semana ao Hospital Universitário. Os alimentos são doados aos pacientes e acompanhantes do setor de radioterapia, sobretudo que vieram do interior do Estado, e possuem poucos recursos financeiros para se alimentarem enquanto permanecem na unidade hospitalar. São encaminhados 100 pães por dia ao hospital e, nas sextas-feiras, são fornecidos 300 pães de leite para o consumo aos finais de semana.
Outro hospital que recebe doação dos pães produzidos pelos detentos da Gameleira é o Hospital São Julião. Os alimentos são doados aos pacientes/acompanhantes vindos de diversos locais do interior do Estado para consultas oftalmológicas.
A fábrica de churrasqueiras e a fábrica de bolas instaladas dentro do semiaberto da Gameleira também compram diariamente cerca de 50 pães da Padaria da Liberdade que são fornecidos como lanche aos internos empregados por elas.
Para custear a folha de pagamento dos funcionários da padaria, mais uma vez, a união de esforças entra em cena: cada salário é apadrinhado por um parceiro diferente. Entendendo a importância do serviço, a fábrica de bolas, a fábrica de churrasqueira e a empresa terceirizada de alimentos custeiam mensalmente o salário de um preso cada. Outro salário é custeado pelo Conselho da Comunidade e a última remuneração é arcada pela própria administração da unidade prisional.
De acordo com o diretor do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, Adiel Rodrigues Barbosa, os valores obtidos com as vendas dos produtos cobrem os custos dos insumos necessários ao quantitativo de pães doados e as eventuais degustações em eventos públicos. Caso haja a necessidade de manutenção de algum maquinário, ele utiliza os recursos do presídio para custear os consertos, uma vez que é preciso agilidade para que a produção não pare, pois há o compromisso do fornecimento de todo o pão consumido dentro do estabelecimento penal.
As degustações ocorrem com o intuito de divulgar a padaria, onde são oferecidos pães e salgados em coquetéis e coffee breaks de eventos, como a inauguração das escolas pelo projeto “Revitalizando a Educação com Liberdade”, também da 2ª VEP, e a “Feira do Artesão Livre”, iniciativa do Ministério Público de comercialização de artesanatos produzidos por presos da capital, entre outros encontros e eventos dos órgãos públicos parceiros do projeto.
Na última semana, ocorreu a degustação de produtos da Padaria da Liberdade no cartório da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, reunindo a equipe de servidores do local, da Central de Execução de Penas Alternativas (CEPA), vinculada à 2ª VEP, além de promotoras de justiça, defensoras e funcionários do MP que puderam saborear uma amostra dos pães, roscas doces e salgados produzidos pelos presos como esfirra, sopa paraguaia, enroladinho de salsicha, além de receberem uma amostra da produção das hortaliças cultivadas pelos internos da Gameleira.
Estas degustações, destaca Adiel, são oportunidades para que muitas pessoas conheçam um pouco mais do trabalho que é realizado no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, um presídio modelo no país no cumprimento de penas no regime semiaberto.
Saiba mais – A Padaria da Liberdade é um projeto idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande. Ela entrou em funcionamento em maio de 2021. Foram investidos cerca de R$ 210 mil em máquinas modernas e estrutura, como forno, cilindro profissional, modeladora de pães, assadeira espiral, câmaras para crescimento de pães e todo maquinário necessário. Vale destacar que a padaria foi construída com o valor arrecadado com o desconto de 10% do salário de cada preso que trabalha via convênio em Campo Grande.
Autor da notícia: Secretaria de Comunicação - imprensa@tjms.jus.br
› FONTE: TJ MS