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Jovem executado foi vítima e testemunhou contra professor que esquartejou Kauan

Publicado em 22/08/2023 Editoria: Polícia


Rangel tinha extensa passagem pela polícia (Foto: Reprodução)

Rangel tinha extensa passagem pela polícia (Foto: Reprodução)

Rangel Batista da Silva foi assassinado na noite de segunda-feira no Bairro Nova Lima
 
Rangel Batista da Silva, 19 anos, morto com cerca de 15 tiros na noite desta segunda-feira (21), no Bairro Nova Lima, em Campo Grande, tem uma extensa ficha criminal, entre tráfico de drogas e homicídios. Além disso, Rangel foi uma das principais testemunhas do desaparecimento de Kauan Andrade Soares dos Santos, de apenas 9 anos, estuprado e morto pelo professor Deivid de Almeida Lopes.
 
 
Ele tem ficha policial desde quando ainda era menor de idade, sendo mais de 22 ocorrências, incluindo furtos, roubos, tráfico de drogas, dano, receptação e homicídios, Rangel depôs no caso que chocou Mato Grosso do Sul no ano de 2017. Além de uma das principais testemunhas, ele disse ser vítima de estupro pelo professor Deivid - já condenado a 66 anos pela morte de Kauan.
 
Conforme apurado pela reportagem do Campo Grande News, na época do desaparecimento, Rangel foi ouvido em escuta especial na DEPCA (Delegacia Especializada de Proteção a Criança e ao Adolescente) pelo fato de ter 13 anos.
 
Ele contou que Kauan cuidava carros com outros colegas e foi como conheceram Deivid, que os convidou para ir até na casa dele, no Bairro Coophavilla, para carpir o quintal, pois pagaria R$ 5. Em um primeiro momento, Rangel afirmou que eles não foram ao imóvel, mas depois de muita insistência, visitaram o professor para "carpir" o quintal da casa.
 
Com isso, as visitas passaram a ser constantes, quando ocorriam os abusos. Outros adolescentes também visitavam o professor, conforme denúncia do Ministério Público. Deivid pagava quantias entre R$ 5 e R$ 30 para que os menores "ficassem" com ele. Recebia o valor maior aquele que levasse outras crianças para que fossem estupradas.
 
No dia do desaparecimento de Kauan, Rangel disse que o viu durante a tarde. Que estava seguindo para a padaria e Kauan o chamou para ir a lan house. Rangel deixou o pão em casa e encontrou o amigo, onde ficaram por horas. Durante a noite, os amigos cuidavam carros em um estabelecimento do bairro, mas Rangel conta que a mãe não deixava, então foi embora. No outro dia, ficou sabendo sobre o desaparecimento e passou a ajudar nas buscas.
 
Kauan foi vítima de necrofilia e esquartejado pelo professor. Os adolescentes que eram explorados sexualmente por Deivid testemunharam o crime e também foram obrigados a estuprar o garoto depois de morto. No processo, não consta o nome de Rangel entre os meninos que estavam na casa do professor no dia do crime.
 
O menino de 9 anos desapareceu em junho de 2017. Conforme relato de quatro adolescentes, com idades entre 13 de 16 anos, principais testemunhas do crime, o menino foi violentado, antes e depois da morte, e esquartejado por Deivid. Os restos mortais do menino teriam sido espalhados pelo Rio Anhanduí.
 
 
O caso – O Campo Grande News esteve nesta terça-feira no endereço onde Rangel foi assassinado e encontrou a residência aberta. No local, não havia ninguém. Em conversa com os moradores da região, um homem que não quis se identificar disse que ficou sabendo do crime depois e que ouviu o barulho dos tiros.
 
 
“Só fiquei sabendo depois, conhecia ele de vista, via com tornozeleira eletrônica. Quase todos os dias ouvia e via briga entre ele e a esposa”, relatou o morador. Morando há pouco mais de um mês na região, a vítima e a família não tinham amizade com os vizinhos.
 
A dona de um comércio que fica próximo ao local dos fatos, que preferiu preservar sua identidade, revelou que ontem Rangel agrediu a esposa no meio da rua, mas por medo, ninguém fez nada. “Ninguém parava para ajudar porque tinha medo dele. Quem chamou a polícia foi um guarda municipal, mas que ela não quis continuar com a ocorrência quando a Polícia Militar chegou”, disse.
 
A moradora disse que Rangel chegou a abrir uma garaparia, mas o empreendimento só durou três dias. “Acho que talvez ele devia ou vendia droga e vieram cobrar. Em uma dessas cobranças, ele foi agredido. Já foi abordado várias vezes pela polícia porque empinava moto na rua. Em uma dessas abordagens, ele perdeu a moto, mas apareceu com outra logo depois”, contou a vizinha.
 
De acordo com a mulher, depois que o casal mudou para a região, o bairro não foi mais o mesmo. “Eles moram há pouco mais de um mês aqui, desde que mudaram a rua ficou muito agitada. Eu nem quis abrir o comércio hoje por medo de continuar acontecendo alguma coisa aqui”, afirmou.


› FONTE: Campo Grande News