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Família de jovem morto no CMO acha que tiro foi acidental e questiona Exército

Publicado em 19/09/2023 Editoria: Polícia


Tio quer investigação e diz que manuseio de arma de alto calibre não pode ser feito por jovens recém-engajados
 
A morte do jovem Alejandro Gomes da Silva, de 19 anos, na madrugada desta segunda-feira (18), chocou familiares do rapaz que não se conformam com o motivo da morte do militar. Alejandro engajou no CMO (Comando Militar do Oeste), em Campo Grande, há apenas um mês e já portava uma arma de alto calibre, um fuzil 762.
 
O tio, Émerson Oscar da Silva, de 47 anos, acredita que o sobrinho morreu devido a um tiro acidental por não saber manusear o equipamento. A família questiona o Exército a respeito do treinamento que dá aval ao porte e manuseio da arma e querem investigação oficial sobre o motivo da morte. Ele descarta o suicídio.
 
Como que o Exército entrega meu sobrinho em um caixão e determina a causa da morte dele sem investigar?”, questiona.
 
O tio, que também serviu ao Exército, alega que passou por um longo processo antes de pegar em uma arma e que o sobrinho não estava preparado. “Um guri novo, despreparado pra mexer com armamento desse. Fui militar por anos e sabemos que não é dessa forma. Entregaram a arma na mão do menino que não sabia nem o que estava usando”.
 
De acordo com Emerson, estar no Exército era um sonho do sobrinho que largou uma madeireira para se dedicar à futura profissão. Ele acredita que Alejandro, por curiosidade, teria mexido na arma e disparado acidentalmente contra si.
 
“Ele estava muito feliz porque iria para o campo, não iria interromper esse sonho. Ele fazia academia, mas parou com medo de se machucar para não prejudicar o campo. Na minha vez, eu fiquei 90 dias no período básico e o comandante dele veio me falar que com 30 dias ele teve todas as orientações e preparo e estava apto a usar. Mentira! A gente sabe que não consegue manusear nesse tempo.”
 
Outro motivo para que os familiares desconfiem da explicação da morte alegada pelo CMO é a inconstância sobre a hora do disparo. De acordo com Émerson, inicialmente a família foi informada de que a morte aconteceu por volta das 3h. Mas a certidão de óbito apontou que o jovem morreu às 6h.
 
Memória - O tio ressalta que o jovem não tomava medicação, tampouco fazia uso de bebida alcoólica. Era um filho querido e irmão presente. ”Ele foi um anjo que agora Deus chamou de volta e precisamos entregar. Nesses 19 anos de vida dele, só vamos lembrar de coisas boas porque só tem coisas boas para lembrar, não tem uma coisa ruim em vida que pudesse falar”.
 
No velório, que aconteceu na noite desta segunda-feira (18), familiares e amigos próximos se despediram de Alejandro com pesar e muita emoção. Émerson acrescenta que o sobrinho era tão querido no antigo emprego que o ex-chefe chegou a implorar para que ele não entrasse no Exército, mas “abriu mão” por acreditar no sonho do garoto.
 
Agora, a família se despede do jovem e aguarda respostas do Exército e da perícia para esclarecer de fato a causa da morte prematura.
 
A reportagem entrou em contato com o CMO, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações. 
 


› FONTE: Campo Grande News