Neno Razuk é alvo de operação contra jogo do bicho em Mato Grosso do Sul
Publicado em 05/12/2023
Editoria: Polícia
Policiais chegando na sede do Garras após cumprimento de mandados. (Foto: Marcos Maluf)
Gaeco cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do deputado; há mandados de prisão contra dois assessores
Um dos alvos de mandado de busca e apreensão durante a operação contra o jogo do bicho é o deputado estadual Neno Razuk (PL). Equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) estiveram na casa do parlamentar na manhã desta terça-feira (5). Também são cumpridos 10 mandados de prisão em Campo Grande. Neno tem base eleitoral em Dourados, mas vive aqui.
O advogado Rhiad Abdulahad defende o parlamentar. Ele disse que ainda não conhece o teor da denúncia, mas está a caminho da Assembleia Legislativa para encontrar o deputado. "Nós não temos acesso sobre o que se trata, vamos saber agora", explicou. No Gabinete de Neno, a primeira informação foi de que ele "nem apareceria". Mas há pouco os assessores disseram que o parlamentar irá até o gabinete falar sobre o assunto.
Neno é filho da ex-prefeita de Dourados, Délia Razuk, já foi secretário de Planejamento da cidade, em 2009, e está no segundo mandato na Assembleia Legislativa. Além disso, ele é corregedor da Alems.
Segundo apurado pelo Campo Grande News, pelo menos quatro pessoas já foram presas na operação, sendo que uma delas é o assessor de Neno, identificado como Diego de Souza Nunes. Outros três foram identificados apenas pelo primeiro nome: Júlio, Matheus e Valnir.
Operação Successione - A ação do Gaeco trata-se de um desdobramento da investigação que apreendeu 700 máquinas do jogo em uma casa no Bairro Monte Castelo, em outubro deste ano. Ao todo, são cumpridos 10 mandados de prisão. O número de mandados de busca e apreensão não foi informado.
Logo cedo, os policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar - que prestam apoio à operação - estiveram no condomínio Damha III, onde foram cumpridos mandados.
Na viatura que chegou na chegou na sede do Garras, no Bairro Tiradentes, havia três pessoas presas. No Bairro Carandá Bosque, também foi cumprido mandado judicial e um homem levado no compartimento de presos.
700 máquinas - No dia 16 de outubro deste ano, uma equipe do Garras no Bairro Monte Castelo investigando denúncia de outro crime, quando atendeu denúncia de roubo cuja placa do carro usado pelos supostos criminosos foi anotada.
Ao receber o alerta, policiais que trabalhavam no Monte Castelo viram o veículo que teria sido usado no assalto em frente de uma casa e passaram a monitorar o local. Foi quando um motociclista deixou a residência e essa equipe à paisana decidiu segui-lo.
Os investigadores não conseguiram abordar o homem de moto e voltaram para o endereço onde o carro dos assaltantes havia sido deixado. O veículo já não estava mais no local, mas com a chegada de reforços, os policiais tocaram a campainha da casa. -
Um homem atendeu, disse que estava ali para “jogar baralho” e quando as equipes entraram, havia outras pessoas no local, além de 700 máquinas utilizadas para a coleta de apostas da loteria ilegal.
Na época do flagrante, entre os conduzidos para a delegacia estava o major aposentado da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), Gilberto Luiz dos Santos, o “Major G. Santos”. Naquele período, era funcionário da Assembleia Legislativa, lotado no gabinete do deputado estadual Neno Razuk, desde 2019. Além do major aposentado da PM, também foi encontrado no local o sargento Manoel José Ribeiro, conhecido como “Manelão”.
Contra o major e o sargento há mandados de prisão expedidos na Operação Successione.
Desde o flagrante, a investigação ficou travada e pouco foi informado posteriormente sobre os rumos da apuração. Em novembro, o titular da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), Antônio Carlos Videira, afirmou que as apurações sobre o jogo do bicho estavam "muito avançadas", mas, sem detalhes.
"O que se sabe é que um grupo de São Paulo, principalmente, que atua no estado vizinho, veio para Mato Grosso do Sul, ocupando este espaço que foi deixado em branco após a operação Omertà", disse.
› FONTE: Campo Grande News