Primos que assassinaram interno do IPCG com mata-leão são condenados a 26 anos em regime fechado
Publicado em 09/05/2024
Editoria: Polícia
Carlos Quevedo da Silva foi assassinado em julho de 2022 e dupla condenada nesta quinta-feira (2)
Os primos Talisson da Silva Nascimento, de 25 anos, e Vandelson Britez Machado, 24, que assassinaram Carlos Quevedo da Silva, 31, em julho de 2022, com um mata-leão no IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) foram condenados a 26 anos de prisão.
O caso, a primeiro momento, foi investigado como suposto suicídio, uma vez que Carlos foi encontrado em cela disciplinar enforcado. Depois, os internos confessaram o crime e afirmaram que mataram o colega de cela com um golpe mata-leão.
A dupla ocupou o banco dos réus do Tribunal do Júri na manhã desta quinta (2), onde afirmaram que iriam “matar de qualquer jeito”. O Conselho de Sentença condenou Talisson e Valdelson a 13 anos de prisão, cada um, por homicídio qualificado.
Portanto, as penas totalizam 26 anos, devendo ser cumpridas em regime fechado por ser crime hediondo e a dupla ser reincidente.
Julgamento
Os três estavam presos no IPCG e tinham brigas anteriores dentro do presídio.
“Falei para meu primo que íamos praticar o homicídio de qualquer jeito, a gente só estava esperando o confere”, afirmou Vandelson durante o julgamento na manhã desta quinta-feira (2).
O ‘confere&39; é quando os agentes penais passam nas celas conferindo a situação dos detentos. Geralmente, ocorre no final da tarde e pela manhã. O corpo de Carlos, inclusive, foi encontrado no ‘confere&39; da manhã.
Tanto Vandelson quanto Talisson afirmaram ter brigas anteriores com Carlos, mas as versões se contradizem. Por exemplo, Talisson, que foi o primeiro a depor nesta manhã, disse que a vítima teria o agredido dias antes e pegado o celular dele. Também informou que Carlos era ‘golpista&39; e tentou extorquir a família do primo, por telefone, anos antes do homicídio.
Vandelson, por sua vez, negou ter desavenças fora do presídio com Carlos, conforme relatado pelo primo. “Eu estava no Pavilhão Solar e deu uma desavença por causa de um celular, porque lá dentro a gente compra celular. Eu estava com dois, mas me mandaram para ‘cela forte&39; [cela disciplinar]. Quando eu voltei, o Carlos e o ‘Tião&39; implicaram porque eu estava com celular e me agrediram”.
Esperaram o ‘confere&39;
No dia do crime, os primos estavam na cela disciplinar e Carlos acabou por ser mandado, também, para lá. Eles contam que chegaram a avisar os agentes penais de que “não ia dar bom”. A vítima chegou, dormiu, tomou um banho e comeu.
Um outro interno do IPCG, que dividia a cela disciplinar com o trio, foi uma das testemunhas e disse que Carlos estava inquieto. “Parecia bastante nervoso, fumou bastante”, explicou.
Entre às 18h e 19h, Carlos Quevedo levantou para tomar outro banho. Ao voltar, a discussão iniciou. Os primos apresentam versões contraditórias sobre quem começou a discutir com a vítima. Talisson conta que Vandelson foi quem trouxe à tona ‘ingresias&39; anteriores, mas o primo afirma que foi ao contrário.
O que não contradiz no depoimento dos réus é que Talisson segurou Carlos e Vandelson deu o golpe final de mata-leão. Depois, combinaram de “não falar nada” e pendurar a vítima, já morta, pelo pescoço, a fim de simular um suicídio. “Mas não deu bom”, informa Vandelson.
Relembre
O corpo do preso Carlos Quevedo da Silva, de 31 anos, foi encontrado na manhã do dia 26 de julho de 2022, no Instituto Penal de Campo Grande. A Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) apura as circunstâncias.
Conforme a delegada Priscilla Anuda, titular da 3ª Delegacia de Polícia Civil, onde o caso foi registrado, todas as lesões identificadas em Carlos serão reportadas pelo laudo necroscópico, assim sendo possível classificar a causa da morte. Ainda segundo a delegada, havia outros presos com Carlos na cela.
A Agepen informou por meio de nota que foi aberto um Procedimento Administrativo Disciplinar para apuração interna dos fatos. Denúncias anônimas que chegaram ao Midiamax relatam possíveis agressões sofridas pelo detento, por parte de policiais penais.
› FONTE: Midiamax