Levantamento mostra que a baixa umidade, telas, medicamentos e doenças sistêmicas alteram a lágrima. Veja os cuidados.
Secura nos olhos, dor, ardência, sensação de corpo estranho, visão embaçada ou flutuante que piora no vento e locais bastante iluminados são os sintomas da síndrome do olho seco, uma alteração na qualidade ou quantidade da lágrima. Um levantamento realizado nos prontuários de 13,3 mil pacientes consultados de janeiro 2022 a julho de 2024 pelo Instituto Penido Burnier de Campinas mostra que 25% dos pacientes foram detectados com olho seco e 1 em cada 5 dos diagnósticos (20%) ocorreram nos meses de inverno. No período analisado o hospital encontrou 3286 pacientes com olho seco. Nos meses de inverno o número de diagnósticos aumentou 20% totalizando 854 casos.
O oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do hospital, afirma que o olho seco é uma condição crescente no mundo todo com uma prevalência que chega a 50% nos países mais áridos. A doença, explica, desestabiliza a lágrima que tem a função de proteger a superfície ocular e manter a saúde da córnea, lente externa do olho responsável por 60% de nossa refração. O tratamento incorreto é um perigo. O especialista esclarece que pode causar deficiência visual grave por lesão na córnea ou nas glândulas que produzem a lágrima.
Fatores de risco
Queiroz Neto afirma que o uso incorreto das telas é um problema para a visão de todos nós. Isso porque, diante delas fazemos pouco movimento com o globo ocular e diminuímos o número de piscadas de vinte vezes por minuto para seis a sete vezes. Esta redução, pontua, aumenta a evaporação da lágrima e faz o olho seco atingir todas as faixas etárias. “A lágrima tem a função de proteger a superfície das agressões externas. Quando evapora, nossos olhos ficam mais vulneráveis a infecções recorrentes que podem lesar a córnea”,explica..
Outros fatores de risco são o uso incorreto de lentes de contato, permanecer a maior parte do tempo em ambientes com ar-condicionado, diabetes, ceratocone, blefarite, cicatrizes na córnea, frouxidão palpebral, síndrome de Sjögren e inflamações na superfície do olho.
Tipos de olho seco
O especialista diz que a frequência da doença aumenta quanto maior a idade, mas, é mais comum entre mulheres. O tipo mais frequente de olho seco é o evaporativo que responde por 70% dos casos, salienta. Pode ser causado pelo uso de colírio impróprio que aumenta muito a viscosidade da lágrima, higiene incorreta dos olhos ou blefarite (inflamação da pálpebra) obstruir a glândula de meibômio, responsável pela produção da camada gordurosa da lágrima. O outro tipo é a deficiência aquosa, uma diminuição da produção lacrimal decorrente de uma lesão na glândula de meibômio por tratamento incorreto do olho seco, medicamento para hipertensão arterial, depressão ou anti-histamínico.
Diagnóstico
“O diagnóstico é feito com um equipamento que permite examinar as 3 camadas da lágrima sem tocar na superfície do olho”, salienta. O exame também inclui a avaliação das pálpebras inferior e superior e das glândulas de meibômio. Por isso, evita a progressão da condições que alteram a lágrima.
Tratamentos
A última palavra em tratamento de olho seco evaporativo é a luz pulsada que desobstrui a glândula de meibômio e estimula a produção da camada lipídica do lágrima. “Dependendo da gravidade da obstrução o uso de colírio apenas dá um leve alívio ao desconforto. A luz pulsada é aplicada em três sessões aplicadas uma/mês, podendo ser necessária a reaplicação em alguns casos. Como terapia de apoio ao tratamento é indicado colírio lubrificante e suplementação de ômega 3, salienta.
Os casos graves de deficiência da camada aquosa da lágrima mais frequentes na menopausa, andropausa, TRH (Terapia de reposição hormonal) e uso de medicamentos para hipertensão arterial, depressão ou anti-histamínico o especialista diz que uma microcirurgia em que é implantado um plug no olho para reter a lágrima no globo ocular é o mais indicado.
Os casos leves de olho seco podem ser tratados com colírios lubrificantes, sempre com indicação de um oftalmologista. Isso porque, explica, cada um tem uma substância ativa e o uso de colírio incorreto pode agravar o problema.
Prevenção
As recomendações de Queiroz Neto para prevenir o olho seco são:
No sono - Nunca durma com maquiagem ou lente de contato nos olhos.
Descanse - Nas telas descanse os olhos a cada 20 minutos, olhando por 20 segundos para uma distância de 20 pés (6 metros).
Telas - Posicione as telas 35º abaixo da linha dos olhos.
Água - tome 35 ml de água/quilo de seu peso ao dia.
Higiene - Limpe a borda das pálpebras com um cotonete embebido em xampu infantil neutro.
Colírio – Não instile sem indicação de um oftalmologista. Todo colírio é medicamento, conclui.
› FONTE: IDC Comunicação