Investigação da PF é sobre queimada em área da União para abrir pasto
A operação Prometeu, deflagrada pela PF (Polícia Federal) contra queimada para abrir pasto e grilagem no Pantanal, também mirou funcionário da Prefeitura de Corumbá, suspeito de falsificar documentos de regularização fundiária da área da União para mascarar a apropriação indevida.
Conforme o jornal Folha de São Paulo, o servidor, de acordo com a investigação, emitiu guias chamadas de Declaração de Uso e Ocupação referentes àquela área e em nome dos três membros da família tidos como os chefes do esquema de grilagem. O documento tem como finalidade assentamentos e não poderia ser usada para fazendas.
O bioma tem sido assolado desde junho por incêndios, numa temporada do fogo ainda mais arrasadora do que em 2020.
Na última sexta-feira (dia 20), as equipes da PF cumpriram sete mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal de Corumbá. A investigação apontou que área pública de 6.419 hectares vem sendo utilizada para exploração econômica por meio da pecuária.
Um dos alvos foi o empresário Fernando Fernandes, que atua no ramo de supermercados. Ele foi preso em flagrante com carabina e munições, mas foi solto no mesmo dia após pagar fiança de R$ 7.060.
Na sala do imóvel, em cima da cristaleira, os policiais encontraram a arma municiada. Fernando disse que estava guardando para um amigo, mas não apresentou registro e nem documentação. No local, também estavam 14 munições. Outras duas munições de calibre 12 foram encontradas dentro da gaveta de uma estante, na sala da residência.
Fernando é empresário há 22 anos e também tem como fonte de receita adicional o arrendamento de gado na fazenda.
Buscas revelaram a presença de 2.100 bois na área da União. Contudo, já foram negociados sete mil cabeças de gado. A ofensiva foi em conjunto com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e a Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal). A terra será embargada.
Em 2020, a vegetação teve o primeiro incêndio, mas o fogo se tornou rotina ao longo dos anos. A área pública passou a ser utilizada para a pecuária, com exploração extensiva de gado.
A perícia da Polícia Federal identificou dano de R$ 220 milhões na exploração da área. O grupo investigado deve responder por provocar incêndio em mata ou floresta, desmatar e explorar economicamente área de domínio público, falsidade ideológica, grilagem de terras e associação criminosa.
A operação foi batizada de Prometeu pela histórica má utilização do fogo nas pastagens do Pantanal pelo homem, como incentivo à pecuária e avanço sobre o bioma
Prometeu faz a alusão ao personagem da mitologia grega que é visto como uma divindade que roubou o fogo dos deuses gregos e entregou à humanidade fazendo mau uso deste, e por isso foi castigado por Zeus, o mais poderoso.
A Prefeitura de Corumbá informou que desconhece as supostas irregularidades.
› FONTE: CG News