Nesta terça-feira (16), os vereadores Everton Romero (PSDB), presidente da Câmara Municipal, e Reinaldo Kastanha (PSDB) realizaram uma visita técnica aos municípios de Timbó e São Bento do Sul, no Norte de Santa Catarina, para conhecer de perto o funcionamento do projeto da empresa 100 Lixo e de duas usinas consideradas referência no tratamento e na valorização de resíduos sólidos. A agenda institucional teve como objetivo buscar referências para o aprimoramento da gestão de resíduos em Aquidauana.
A convite do Grupo Boliviano Búfalo, a visita teve como principal foco avaliar alternativas mais modernas, sustentáveis e economicamente viáveis para a destinação do lixo coletado diariamente no município. Na região, os parlamentares conheceram a Central de Valorização de Resíduos do Consórcio Intermunicipal do Médio Vale do Itajaí (CIMVI), que atende 14 municípios, entre eles Timbó. O consórcio é referência nacional pela transformação de resíduos em subprodutos e pelo aproveitamento quase total do material que antes era destinado a aterros sanitários.
Segundo o vereador Everton Romero, a experiência permitiu compreender como as usinas foram implantadas, qual modelo de gestão adotam e como funcionam na prática. “Viemos conhecer essas usinas sustentáveis, que fazem bem ao meio ambiente, e levar essa experiência para Aquidauana. A ideia é apresentar ao prefeito Mauro Batista uma alternativa ao aterro sanitário. O futuro está nas usinas que transformam resíduos em energia e em outros produtos úteis”, destacou.
Para o vereador Reinaldo Kastanha, a visita reforça a necessidade de avanços na política de descarte de resíduos. “Aquidauana precisa evoluir no descarte correto do lixo. Isso é necessário e urgente. Estamos buscando soluções cada vez mais sustentáveis para levar ao nosso município”, afirmou.
Aproveitamento de até 95% dos resíduos
Um dos pontos que mais chamou a atenção dos parlamentares foi o alto índice de reaproveitamento dos resíduos. De acordo com os dados apresentados, cerca de 95% do lixo recebido pelas usinas é reaproveitado, e apenas 5% segue para aterros sanitários. “É um avanço gigantesco. O mais interessante é que toda a tecnologia utilizada é 100% nacional e patenteada no Brasil. São as únicas usinas com esse tipo de tecnologia em operação no país”, explicaram os vereadores.
O processo é eficiente e rápido. O lixo comum coletado diariamente é encaminhado diretamente às usinas, onde passa por separação. Os resíduos orgânicos seguem para biodigestores, que geram gás utilizado na produção de energia elétrica para abastecer a própria usina, com excedente destinado à rede. Já os materiais recicláveis passam por triagem e parte deles se transforma em matéria-prima para a fabricação de pavers, telhas, tampas de boca de lobo, bancos de praça e outros itens utilizados na infraestrutura urbana.
“Vimos calçadas feitas com pavers produzidos na própria usina, bancos de praça e até bocas de lobo, tudo com material reciclado. É impressionante como esse modelo pode ser aplicado à realidade de Aquidauana”, ressaltou Everton Romero.
Sem chorume e com impacto social positivo
Outro aspecto destacado durante a visita foi o fato de os resíduos serem processados no mesmo dia ou, no máximo, no dia seguinte à coleta, o que evita a geração de chorume, um dos principais problemas ambientais dos aterros sanitários. Além disso, as usinas contam com cooperativas de catadores, responsáveis pela triagem dos materiais recicláveis, gerando emprego e renda. Somente em Timbó, 91 cooperados atuam diretamente no processo.
“Esse modelo é ambientalmente correto e também socialmente justo, pois inclui e beneficia cooperativas de catadores, garantindo renda para dezenas de famílias dentro de um sistema organizado e eficiente”, observou Kastanha.
Em São Bento do Sul, segundo os vereadores, cerca de 60 toneladas de resíduos são processadas diariamente. Parte do subproduto, conhecido como CDR (Combustível Derivado de Resíduos), é comercializada para empresas como a Votorantim, que utiliza o material na produção de cimento.
Além de gerar receita, o reaproveitamento reduz custos públicos. Hoje, conforme dados apresentados, municípios como Criciúma gastam cerca de R$ 7 milhões por ano apenas com a destinação final do lixo em aterros sanitários. “Estamos enterrando dinheiro. Em vez de pagar para enterrar resíduos, podemos transformá-los em produtos úteis para a manutenção de ruas, praças e obras públicas”, argumentou Romero.
Requerimento ao Executivo
Após a visita técnica, os vereadores anunciaram que irão apresentar um requerimento ao Executivo Municipal solicitando a elaboração de estudos de viabilidade para a implantação de uma usina semelhante em Aquidauana. A proposta é iniciar o debate sobre um novo modelo de gestão de resíduos sólidos no município.
Atualmente, a taxa cobrada da população engloba os custos de coleta, transporte e destinação final do lixo. Com a eliminação da necessidade de envio a aterros sanitários, o processo pode se tornar mais econômico. “A economia gerada pode ser revertida ao contribuinte, que deixará de pagar para enterrar lixo e terá uma taxa mais justa, ao mesmo tempo em que protegemos o meio ambiente e geramos emprego”, finalizou Everton Romero.
Para os parlamentares, os exemplos de Timbó e São Bento do Sul colocam Santa Catarina, mais uma vez, na vanguarda da gestão ambiental no país.
› FONTE: Assessoria de Comunicação da CMA / ASCOM