Operação da PF mira chefe de setor da Lava Jato na Receita Federal
Publicado em 02/10/2019
Editoria: Polícia
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (2) no Rio de Janeiro a Operação Armeira, que tem como alvos auditores da Receita Federal suspeitos de extorquir dinheiro de investigados da Lava Jato.
O principal alvo é Marco Aurélio da Silva Canal, supervisor nacional da Equipe Especial de Programação da Lava Jato. O grupo tem como o objetivo aplicar multas aos acusados por sonegação fiscal.
Silva Canal foi citado pelo ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), como o responsável pela produção de dossiês contra ele e sua mulher. Isso, porém, não faz parte da investigação em curso.
"Marco Aurélio Canal é detentor de cargo com acesso a informações sensíveis e relevantes acerca das investigações da Operação Lava Jato e detém conhecimento amplo de como funcionam os órgãos de controle do Estado, ocupando relevante papel no âmbito da Organização Criminosa", afirma o Ministério Público Federal.
"Os procuradores da República destacam no pedido de prisão que a atuação de Marco Aurélio Canal não tem qualquer relação com os trabalhos da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, apesar de indevidas insinuações publicadas na imprensa a este respeito."
"Conforme comprova a cronologia dos fatos apresentada no pedido do MPF, o citado auditor-fiscal era alvo das investigações e de quebras judiciais promovidas pelo órgão meses antes de vir a público qualquer rumor a respeito de sua atuação ilícita contra investigados da Lava Jato e autoridades citadas em supostos dossiês", completa a Procuradoria.
O juiz Marcelo Bretas expediu nove mandados de prisão preventiva, cinco de prisões temporárias e 39 de busca e apreensão. São seis auditores fiscais envolvidos, além de contadores, empresários e parentes destes.
A apuração sobre a extorsão começou quando o grupo abordou o delator Ricardo Siqueira Rodrigues, acusado de atuar na fraude a fundos de pensões. Bretas autorizou uma ação controlada que viabilizou o pagamento da propina, permitindo identificar detalhes do esquema dos suspeitos.
Também foi alvo de extorsão Lélis Teixeira, ex-presidente da Rio Ônibus, preso na Operação Ponto Final que se tornou delator.
"Veja-se que se trata de investigados que, a despeito de todo trabalho reconhecidamente profícuo da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Justiça Federal do Brasil na apuração e no processamento de tantos escândalos de corrupção, aparentemente continuam praticando atos criminosos nos dias atuais e, pior, atuando no rastro das investigações que estão sendo realizadas para dar prosseguimento a saga criminosa a que estariam acostumados", afirmou Bretas na decisão em que determina as prisões.
› FONTE: Folha