Cota zero para pesca amadora é preservação do meio ambiente e fomento ao turismo
Publicado em 22/02/2019
Editoria: Turismo
Medida adotada pelo Governo do Estado mira a preservação dos estoques pesqueiros dos rios. Foto: Divulgação
Desde que o governador Reinaldo Azambuja anunciou no mês passado a formatação de uma nova lei para limitar a pesca amadora nos rios de Mato Grosso do Sul, instituições ligadas ao turismo, ao esporte e ao meio ambiente têm se manifestado a favor do Projeto. Para elas, a medida preserva o estoque pesqueiro e contribui para a sustentabilidade da prática esportiva.
Especialista em ictiofauna, o biólogo Thomaz Lipparelli elogiou a medida. Conforme ele, a modalidade chamada de “cota zero” será a sobrevida de diversas espécies de peixes e um divisor de águas para o pescador profissional que vive nas barrancas dos rios. “A alternativa desse pescador está na pesca esportiva, onde ele pode ter trabalho e renda”, disse. “Hoje o pescador busca a esportividade e a cota zero vai tornar a pesca no Estado em evidência, atraindo mais turistas”, opinou.
Cota Zero
Com a implantação da “cota zero” para pesca amadora em Mato Grosso do Sul, o Governo do Estado pretende avançar em políticas públicas de conservação de ecossistemas e dos biomas Pantanal, Mata Atlântica e Cerrado. Conforme Reinaldo Azambuja, dois pontos principais motivaram a “cota zero”: “a diminuição do estoque pesqueiro e o modelo de produção sustentável que queremos para nosso Estado”, afirmou.
Na prática, a nova legislação vai proibir o transporte de pescado de um município para o outro, mas permitirá a pesca e o consumo do peixe no local. “O turista/pescador vai poder consumir uma quantidade de pescado no local, seja no barco, na pousada, no hotel ou em casa de amigos”, explicou o secretário-adjunto da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Ricardo Senna.
Esporte e turismo
Membro da diretoria da Associação de Pesca Esportiva de Três Lagoas (APETL), Rafael Claro acredita que a “cota zero” vai incentivar a pesca esportiva, fomentar o turismo e recuperar o estoque pesqueiro do Estado. “Vamos fechar o ciclo do peixe no rio Paraná. Com isso, podemos tirar o turista da rota da Argentina e deixar ele aqui, no nosso local”, defendeu.
Segundo ele, o turismo relacionado ao “pesque e solte” tem destaque na Costa Leste de Mato Grosso do Sul e vai ser beneficiado com a medida. “Só o último torneio de pesca esportiva de Três Lagoas reuniu 334 embarcações com pescadores de 10 estados. Foram movimentados entre R$ 1,8 milhão e R$ 2 milhões na economia local”, destacou Claro.
A mesma ideia é chancelada pelo presidente da Associação de Pesca Esportiva do Pantanal (Apep), Alexandre Pierin. Para ele, além de preservar o meio ambiente, a “cota zero” despertará uma nova consciência no pescador e no turista. “Estimula a pesca esportiva, fomenta o turismo e ajuda a preservar o estoque pesqueiro. Vai despertar uma nova consciência ambiental e o trade turístico vai agradecer essa medida, pela geração de mais trabalho, mais renda”, afirmou.
Duas entidades da cadeia do turismo em Mato Grosso do Sul – a Associação Visit Pantanal e a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) – se manifestaram em apoio à medida do Governo do Estado.
Com mais de 17 empresas de Miranda e região do Pantanal voltadas diretamente ao turismo ecológico como associadas, a Visit Pantanal afirmou, em nota, que “para o pescador amador a ‘cota zero’ é uma excelente saída para o aumento dos estoques de peixe em nossos rios”.
Já a Abrasel tornou público seu apoio à implementação da nova lei de pesca, sustentando que “vai estimular a prática da pesca esportiva, na modalidade pesque e solte, como forma de recuperar o estoque pesqueiro nos rios do Estado”. A entidade acredita “no turismo sustentável, que protege os recursos naturais, garantindo às futuras gerações um meio ambiente preservado”.
Mais pescadores
Com formação profissional em Engenharia Civil, o pescador João Meirelles conta que pratica o pesque e solte em Corumbá, no coração do Pantanal, há 30 anos. “Praticamos há muitos anos dessa forma em qualquer lugar do País ou da América Latina. É assim que tem que ser”, disse.
A favor da “cota zero” para pesca amadora, ele defende a ideia de que o turista não deve praticar a pesca predatória. “Sou a favor da ‘cota zero’. Acho fantástico. O estoque pesqueiro reduziu muito. Inclusive antes das leis, era uma matança e não pescaria. Mesmo depois das leis ambientais, seria fantástica a “cota zero” para pesca amadora porque o estoque diminuiu muito, com certeza”, falou.
Outro pescador amador compartilha da mesma opinião. “Eu acho que deveriam fazer a cota zero durante cinco anos para mostrar como valeria a pena. Um exemplo é o peixe dourado, que quase não encontramos mais no Estado. Sou totalmente a favor do pesque e solte”, afirmou João Batista de Castro Meira.
Mídia internacional
Tendência mundial para preservação de peixes de água doce, a “cota zero” para algumas modalidades de pesca já é realidade em diversos estados brasileiros. Entre eles Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais e Tocantins, informou Ricardo Senna. Modelos de proibição da pesca em rios também são adotados em países como Argentina, Chile e Estados Unidos, além de nações da Europa.
Com renome internacional, a Fish TV, canal de televisão por assinatura dedicado à pesca esportiva praticada na América Latina, também manifestou-se, por meio de editorial, em apoio à aplicação da “cota zero” em Mato Grosso do Sul.
“Garantir o futuro dos ecossistemas implica migrar para um novo paradigma de sustentabilidade, em que a economia fomenta a preservação dos rios e dos exemplares que habitam seus leitos”, afirmou a emissora, ao destacar a iniciativa em defesa da sustentabilidade.
› FONTE: Subsecretaria de Comunicação MS