Força Nacional ganha base em batalhão da PM para monitorar área em disputa
Publicado em 17/01/2020
Editoria: Polícia
Policiais militares (de farda azul) e policiais militares da Força Nacional (de verde) em reunião no 3º Batalhão da PM em Dourados (Foto: Divulgação/PM)
Presentes na região de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, desde 2016 quando o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 26, foi morto a tiros em área de disputa, policiais da Força Nacional – tropa especial federativa – chegaram a Dourados, a 233 km da Capital, no final da tarde de quinta-feira (16). Para monitorar área em disputa entre índios Guarani-Kaiowá e proprietários rurais, ganharam base dentro do 3º Batalhão da Polícia Militar.
Comandante do Batalhão, o tenente-coronel Carlos Silva explicou que o número de policiais militares da força será ampliado para 50. Hoje, 25 policiais já tem base fixa em Caarapó. Dessa forma, ganha corpo a presença da força nacional na região sul de Mato Grosso do Sul, onde vive a maioria dos Guarani-Kaiowá, protagonistas de disputas sangrentas por territórios que reivindicam como tradicionais.
“Já estão aqui em Dourados, eles ficam em Caarapó, a base é lá, nesse momento estamos conversando para coordenar. Cedemos um espaço dentro do 3º Batalhão e aí vão atender Caarapó e Dourados. Eles foram ontem no local, mas está nessa fase de planejamento. São 25, mas para atender essa demanda precisa de mais, não vão atender só Dourados”, comentou.
A Força, a princípio, permanece em Dourados por seis meses após convênio assinado entre governo federal e estadual. Segundo o comandante, o 3º Batalhão permanece atuando na área, em ação coordenada com policiais da força federativa.
“Ontem foram falar com os indígenas, conhecê-los e ouvir a versão deles, depois vão se reunir com proprietários para ouvir sobre o número de propriedades invadidas e das que estão na eminência de serem invadidas, e quais propriedades estão no entorno”, disse.
Área em disputa – As áreas em questão ficam adjacentes a Terra Indígena de Dourados, a reserva indígena mais populosa do país, que abriga as aldeias Jaguapiru e Bororó. Dividida por rodovia e cercada de condomínios fechados, por ali estendem-se propriedades rurais, de chácaras a fazendas.
As disputas se intensificaram nos últimos anos quando indígenas de dentro e fora da reserva começaram processo que chamam de “retomada” ao entrar nas propriedades e firmar acampamentos. Desde então, dinâmica quase mensal é marcada por confrontos e violência.
Os índios acusam grupo de seguranças contratados por fazendeiros de reagirem com armas de fogo e uso de um trator que chamam de “caveirão” para derrubar barracos, enquanto imagens divulgadas durante os episódios violentos, relatos dos policiais afirmam que, em diversos episódios, os indígenas também reagem com armas de fogo.
O ápice aconteceu há duas semanas, quando confronto deixou, ao menos, 5 feridos levados ao Hospital da Vida em Dourados, incluindo um segurança e uma criança de 11 anos que levou para dentro da aldeia Bororó uma granada de uso restrito de forças policiais.
A tensão voltou a se elevar na quinta-feira (16), e policiais militares foram até a região. Os índios acusaram seguranças de usarem o “caveirão” para destruir os barracos do acampamento. A região onde os episódios ocorreram é chamada pelos índios de Nhu Verá.
Pelo caráter federativo, e não “federal”, a Força Nacional atua somente com pedido da unidade federada realizado diretamente pelo governador dos estados em apoio à Polícia Federal ou a outros órgãos federais. A criação da Força Nacional de Segurança Pública foi inspirada no modelo da ONU (Organização das Nações Unidas) de intervenção para a paz, com atuação que se baseia na cooperação entre países-membros para a resolução de conflitos.
› FONTE: Campo Grande News