Celular de agente some na portaria de presídio marcado por denúncias
Publicado em 09/03/2020
Editoria: Polícia
Fato ocorreu em fevereiro e está sendo investigado pela Corregedoria da Agepen; servidor envolvido pediu transferência
A direção da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) está às voltas com mais um caso suspeito que pode se revelar em escândalo no maior presídio de Mato Grosso do Sul, a PED (Penitenciária Estadual de Dourados), onde vivem pelo menos 2.700 presos.
O telefone celular de um policial penal (como os agentes penitenciários são chamados agora) desapareceu na portaria do presídio, outro idêntico foi deixado no local e alguns dias depois o verdadeiro aparelho reapareceu, “devolvido” pelo servidor que ocupava o cargo de chefe de equipe, de confiança do atual diretor da PED, Antônio José dos Santos.
Ao Campo Grande News, a Agepen confirmou, através da assessoria de imprensa, que o caso está sendo investigado pela corregedoria. O então chefe de equipe foi flagrado pelo sistema de câmeras quando deixava o celular em um armário, na portaria da penitenciária. Após o caso vir à tona, o policial penal pediu transferência para o presídio de Ivinhema.
Conforme documentos obtidos pela reportagem, o policial penal dono do celular procurou a 2ª Delegacia de Polícia Civil no dia 18 de fevereiro para denunciar o furto do aparelho.
Ele disse ao delegado Marcelo Batistela Damaceno que entrou no plantão do dia 15 de fevereiro às 7h10, e deixou o celular dentro da gaveta de pertences dos funcionários, em um balcão na portaria. Depois passou pelo detector de metais e pelo raio-x para só então ter acesso ao presídio, para exercer suas funções.
No dia seguinte à tarde, quando saiu do plantão, o policial penal não encontrou o celular no armário da portaria. Imaginando que algum servidor tivesse pegado o aparelho por engano, o agente comunicou o caso ao funcionário da portaria e deixou um número para contato.
Como celular não apareceu, o agente afirmou ter sido orientado pelo diretor da PED a registrar boletim de ocorrência na polícia. No dia 21 de fevereiro, o servidor voltou a procurar a delegacia para informar que o celular tinha sido localizado embaixo do armário, atrás de uns livros.
Apesar de não constar na ocorrência policial, a reportagem apurou que enquanto o celular estava desaparecido, outro aparelho idêntico, com sistema operacional reiniciado como se tivesse sido formatado, foi deixado na gaveta. Só que não era o celular desaparecido.
Ainda conforme informações levantadas pelo Campo Grande News e também não citadas no boletim de ocorrência, na noite do dia 20 de fevereiro as câmeras captaram o momento em que o chefe de equipe deixava o celular no local onde o aparelho foi encontrado no dia seguinte.
Policiais penais que trabalham na PED ouvidos pela reportagem consideram o caso de extrema gravidade. “O celular de um servidor desapareceu, outro foi deixado no local, depois o verdadeiro foi devolvido. Será que esse celular não foi usado para cometer algum crime? Será que não chegou às mãos dos presos e depois foi devolvido?”, questiona um servidor que pediu para não ter o nome divulgado.
Os agentes também questionam o fato de até agora as imagens das câmeras de segurança mostrando o chefe de equipe deixando o celular no armário ainda não terem sido entregues à polícia.
Agepen – Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a Agepen informou que o boletim de ocorrência foi registrado por orientação da direção da PED e que o caso foi encaminhado para a corregedoria “para as devidas apurações”.
Conforme a agência, todas as providências para esclarecimento do caso estão sendo tomadas e informações necessárias para subsidiar as investigações estão sendo disponibilizadas. A Agepen não se pronunciou sobre o celular idêntico ao que tinha sumido, deixado no armário antes de o verdadeiro ser encontrado.
“Com relação à transferência do servidor, foi solicitada por ele a mudança de unidade e a administração da Agepen está analisando a possibilidade dessa transferência”, afirma a nota. A reportagem apurou, no entanto, que a transferência já foi deferida e o servidor se apresenta no dia 11 deste mês ao presídio de Ivinhema.
› FONTE: Campo Grande News