Justiça paraguaia nega prisão domiciliar para Ronaldinho
Publicado em 10/03/2020
Editoria: Polícia
Ex-jogador e Assis continuarão presos preventivamente em penitenciária de Assunção
A Justiça do Paraguai não acatou nesta terça-feira (10) o pedido da defesa de Ronaldinho Gaúcho e seu irmão Roberto de Assis que eles passassem e cumprir prisão preventiva em regime domiciliar.
Investigados pela utilização de passaportes falsos para entrar no país, ambos estão detidos desde a noite de sexta-feira (6) na penitenciária Agrupação Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, e pelo menos por enquanto permanecerão no local.
O prazo para prisão preventiva no país é de seis meses, enquanto correm as investigações do caso pelo Ministério Público.
Os advogados apresentaram um imóvel no valor de US$ 800 mil como garantia para que o juiz Gustavo Amarilla aceitasse a prisão domiciliar, mas ele a considerou insuficiente, conforme também sustentou o Ministério Público.
Os brasileiros chegaram ao país na última quarta-feira (4). Eles foram convidados pelo brasileiro Nelson Belotti —um dos donos do cassino Il Palazzo, localizado no hotel em que o ex-atleta estava inicialmente hospedado— e pela empresária paraguaia Dalia López para uma série de eventos.
Ela, que já era investigada em um caso de lavagem de dinheiro no país, é suspeita de intermediar a confecção dos passaportes falsos para Ronaldinho e Assis junto a setores do governo paraguaio.
López teve sua detenção preventiva decretada pelo Ministério Público, mas sua defesa afirmou não ter conhecimento das acusações e que por isso ela ainda não se apresentará. Nesta segunda (9), seu advogado falou que ela estava muito doente.
Na terça, o promotor Osmar Legal, responsável pelas investigações, disse à Folha que os brasileiros deverão permanecer no país até que as motivações para o ato sejam esclarecidas.
“A defesa de Ronaldinho e Roberto é simplória e básica ao centrar-se em supostos erros processuais. Os dois não sairão até que tragam a informação verdadeira sobre a finalidade dos passaportes falsos”, afirmou em entrevista no seu escritório, em Assunção.
O promotor acrescentou: “Eles são parte de uma investigação maior que estamos fazendo, que envolve outras pessoas e outros crimes com os quais eles poderiam ter vínculos. Não estou investigando pessoas, e sim um caso mais amplo. Eles por ora fazem parte dele [do caso] e têm de provar o contrário se querem sair do país".
Legal disse que não poderia dar mais declarações sobre o tema, mas que há informações de inteligência que apontam para o envolvimento deles em outros delitos fiscais cometidos no país.
No domingo (8), o advogado dos irmãos, Sérgio Queiroz, declarou que os documentos falsificados apreendidos com a dupla “foram oferecidos a Assis como um modo para que fizessem negócios no Paraguai. E eles aceitaram essa proposta”.
Indagado sobre que tipo de negócios, Queiroz não especificou: “Eles têm interesse em realizar negócios aqui como em várias partes do mundo".
Para o advogado, os dois estão detidos de forma “totalmente abusiva e ilegal” e a decisão do sábado (7) da juíza Clara Ruíz Díaz de acatar o pedido do Ministério Público e determinar a prisão era “rasgar a legislação paraguaia”.
› FONTE: Folha