Amiga conta drama de menina morta pela mãe: ia à "escola com manchas roxas"
Publicado em 24/03/2020
Editoria: Cidade
O juiz Rogério Ursi Ventura, em substituição legal na Vara Única de Brasilândia, concedeu liberdade ao adolescente de 13 anos, irmão da menina de 10 anos assassinada pela mãe, decretou a prisão preventiva da autora, que confessou o crime, e a quebra do sigilo de dados dos celulares apreendidos. Ontem, em outra frente, a Polícia Civil prendeu o padrasto da criança morta para investigar suspeita de estupro.
O auto de prisão em flagrante traz relato de uma amiga da vítima. Ouvida por vídeo-chamada pelo delegado Thiago José Passos da Silva, acompanhada por conselheira tutelar, ela contou à Polícia Civil sobre os medos da menina, que se tornou notícia ao ser vítima de um crime horrendo.
“Sua amiga de vez em quando aparecia na escola com manchas roxas pelas pernas e isso era visível quando ela ia de short curto, pois na maioria das vezes ela ia de calça comprida para a escola”, disse a amiga.
A criança também não deixava que a amiga contasse para a professora sobre as agressões, “pois tinha medo de apanhar da mãe”. Por outra colega, a amiga soube da suspeita de abuso sexual. A informação foi confirmada pela vítima, que mais uma vez pediu silêncio.
“Ela contou que, de fato, estava sofrendo abusos por parte do seu padrasto, mas também não detalhou o que ele fazia com ela exatamente. A depoente disse que iria contar esse fato para a professora, mas (...) pediu para que não contasse, pois tinha muito medo de apanhar ds sua mãe . Notou que nesse dia (...) estava muito triste, ficava quieta nos cantos da escola, sem se relacionar muito com os colegas”, disse a amiga no depoimento.
A reportagem, ao reproduzir a declaração, retirou o nome da menina morta, que foi substituído pelos pontos entre parêntese. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) não permite a divulgação dos nomes dos envolvidos.
Horror – Na manhã de domingo (dia 22), uma mulher de 29 anos procurou a PM (Polícia Militar) de Brasilândia e contou que tinha matado a filha de 10 anos. A menina foi estrangulada, mas conforme relato do adolescente, ainda tinha sinais vitais ao ser enterrada, tanto que pediu socorro e mexeu os pés. A mulher saiu do local, até comprou cerveja, e retornou duas vezes para confirmar que a criança estava morta.
Com marcas de arranhões nas pernas, o irmão acabou contando que ajudou a ocultar o cadáver, por ordem da mãe. “No caso vertente, conforme afirmou o Ministério Público, a princípio, o menor teria auxiliado a genitora na ocultação do cadáver, fato análogo a crime que, embora reprovável, não envolve violência ou grave ameaça contra a pessoa”, afirmou o magistrado ao conceder liberdade para o adolescente de 13 anos.
O irmão conta que estava jogando bola e, por volta de 14h30 de sábado (dia 21), voltou para a casa. Na ocasião, a mãe e a irmã estavam brigando. Quando viu o adolescente, a mãe fez a seguinte afirmação: “ela não vai viver mais porque essa menina é mentirosa”.
Na sequência, a mulher também disse que a menina relatou que o padrasto foi autor de abuso sexual. No momento da discussão, o padrasto estava dormindo e os irmãos jogavam videogame . Depois, os três saíram de carro e foram a uma estrada vicinal, local do crime.
A mulher vai prestar depoimento somente diante do juiz. No entanto, em declaração informal na delegacia, disse que matou a filha num momento de raiva e negou que a motivação do crime foi abuso sexual.
› FONTE: Campo Grande News