Revista científica inglesa afirma que Bolsonaro dá resposta fraca à Covid-19
Publicado em 27/03/2020
Editoria: Saúde
A revista científica britânica The Lancet criticou em editorial publicado na edição desta semana os líderes governamentais que não tratam com seriedade a ameaça que a Covid-19 representa. O presidente Jair Bolsonaro é o único que tem o nome citado no texto.
O periódico, publicado desde 1823, é um dos mais prestigiosos na área médica e serve de vitrine para pesquisas científicas relevantes da atualidade.
“Muitos governos nacionais responderam rapidamente, mas muitos ainda precisam tratar com seriedade a ameaça da Covid-19”, diz o editorial, dando destaque para os governantes que ignoram a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para evitar aglomerações de pessoas.
“O presidente do Brasil Jair Bolsonaro tem sido fortemente criticado por especialistas em saúde e enfrenta uma crescente reação do público pelo que é visto como uma resposta fraca”, continua o texto.
De acordo com o editorial, os confinamentos que pareceram exagerados quando adotados por Wuhan, na China, há dois meses, agora se tornam normais, e a resposta inicial lenta de países como Reino Unido, Estados Unidos e Suécia parecem decisões mal tomadas.
“Enquanto líderes lutam para adquirir testes de diagnóstico, equipamentos de proteção pessoal e ventiladores para hospitais sobrecarregados, há um crescente sentimento de raiva”, diz o documento.
Bolsonaro tem minimizado a pandemia do novo coronavírus em suas falas e chama a doença de gripezinha. Na terça (24), durante um pronunciamento em rádio e televisão, o presidente falou contra as medidas de isolamento social, como as restrições para o funcionamento de escolas e comércio.
Na quinta (26), Bolsonaro disse que o contágio pela Covid-19 no Brasil não será como nos Estados Unidos porque, segundo ele, não acontece nada com o Brasileiro. No mesmo dia, o presidente disse que o brasileiro deveria ser estudado porque mergulha no esgoto e não pega nenhuma doença.
O editorial da The Lancet lembra que países da África e da América Latina, por onde o vírus já está sendo disseminado, possuem sistemas de saúde frágeis e grandes populações que vivem em áreas urbanas cheias e, muitas vezes, sem saneamento básico —fatores que agravam ainda mais essa crise.
› FONTE: Folha