Alanys Matheusa, 1ª advogada trans negra do MS morre aos 22 anos
Publicado em 14/04/2020
Editoria: Região
Alanys Matheusa foi reconhecida por ser uma exceção. Aos 22 anos ela conquistou o diploma de Direito, passou na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e se tornou a primeira advogada transexual negra de Mato Grosso do Sul. Aos 22 anos, na manhã desta terça-feira (14), Alanys faleceu vítima de uma parada cardiorrespiratória.
De acordo com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), Alanys deu entrada na Upa Leblon às 7h e a morte foi constada às 7h20. Ela foi socorrida pelo Samu, e teve uma parada cardiorrespiratória. A equipe da unidade tentou reanimá-la, mas ela não resistiu. A secretaria acrescentou que o laudo será divulgado à família após o atestado de óbito.
Uma das sobrinhas, através das redes sociais, afirmou que Alanys “sofria de arritmia cardíaca”. Hoje pela manhã, ainda conforme a sobrinha, Alanys acordou bem, mas "começou a tremer do nada", momento em que a ambulância foi chamada.
Em dezembro de 2019, o Lado B esteve na residência da Alanys para uma entrevista sobre a sua formatura e sua admiração que levou toda periferia para a colação de grau na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco).
Além disso, Alanys era militante do movimento LGBT e sonhava em se tornar juíza. Uma mulher corajosa, determinada e que não abria mão de se orgulhar do título de “primeira”. Ainda no ano passado, ela foi capa do jornal The Intercept com a frase que marcou o início de uma trajetória como advogada: “Todo mundo gosta de travesti na esquina, não na universidade”.
Filha de empregada doméstica, ela costumava atribuir as conquistas ao esforço e apoio da mãe, Ruth Maria, que, segundo Alanys, limpou muito chão para cuidar dela e das três irmãs. No dia da , além dos elogios à família, a advogada mostrou na parede os recadinhos colados à mão por dona Ruth que diziam: “Não esquecer de estudar”. Uma forma carinhosa de ensinar que só a transformaria o mundo da filha.
Ela também escolheu Direito por acreditar que a profissão é um instrumento social. “A minoria não faz as leis no Brasil, então, eu queria interpretá-las para poder defender os nossos direitos e conseguir mudar a realidade de pessoas que tiveram mesmas vivências que eu”, disse Alanys, no dia da entrevista, enquanto levava o Lado B para passear nas ruas do Bairro Guanandi, lugar que ela chamava de quebrada e nunca deixou de se orgulhar.
Descanse em paz, Alanys!
› FONTE: Campo Grande News