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Crescimento econômico ainda é maior aposta de Bolsonaro para 2022

Publicado em 07/12/2020 Editoria: Política


O presidente Jair Bolsonaro aposta na recuperação da economia como grande trunfo para buscar a reeleição em 2022. A equipe econômica trabalha com a previsão de que o PIB (Produto Interno Bruto) crescerá entre 3% e 4% em 2021 e 2022. Por isso, o chefe do Executivo adotou o discurso do ministro da Economia, Paulo Guedes, e defendeu que o crescimento está ocorrendo “em V”. 
 
 
 
“Os últimos dados são realmente fantásticos”, disse, na semana passada, o comandante do Planalto. A declaração ocorreu após o PIB registrar alta de 7,7% no terceiro trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O índice, porém, ficou abaixo das projetos do mercado, cuja expectativa, em média, era de alta de 8,8%, enquanto a própria equipe econômica previa elevação de 8,3%. Por isso, na contramão do que prega Bolsonaro e Guedes, especialistas alertam que o próximo ano começaria envolto em incertezas. Na opinião deles, haverá dificuldade para uma retomada mais robusta na economia, implicando na tomada de decisões firmes por parte do presidente.
 
 
 
A lista de problemas é vasta. A começar pela segunda onda da covid-19, que já tem levado a novos decretos de lockdown pelo mundo e também ameaça o Brasil. Apesar da expectativa do início da vacinação, ainda não se sabe em que ritmo ocorrerá a imunização. Outro entrave é o término, no fim deste mês, do auxílio emergencial, que vem socorrendo os trabalhadores informais e ajudando a puxar o PIB. Para amparar as famílias e não perder a popularidade turbinada pelo auxílio, o governo busca criar um programa social substituto, mas a ideia não avança porque não se encontra uma fonte de financiamento para bancá-lo.
 
 
 
Outra dúvida é sobre a capacidade do Executivo de aprovar a agenda de reformas, como a tributária, tida como uma das principais alavancas para acelerar o crescimento da economia, melhorando a competitividade das empresas. Há, ainda, a reforma administrativa; a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) Emergencial, que trata da regulamentação dos gatilhos a serem acionados no caso de descumprimento do teto de gastos; a dos Fundos Públicos, do Pacto Federativo e, mesmo, o Orçamento da União para 2021, tudo postergado em meio à disputa pela Presidência da Câmara. Para analistas, são fatores primordiais para acenar confiança ao mercado internacional e a investidores.
 
 
 
Gil Castello Branco, diretor-geral da Associação Contas Abertas, caracterizou a projeção de crescimento feito pela equipe econômica — em meio ao período nebuloso que se inicia em 2021 — como um “palpite”. Ele lembrou que o país findará o ano com crescimento de 97% de dívida pública, além de deficit fiscal próximo de R$ 1 trilhão.
 
 
 
“Assim como este ano foi atípico, não se sabe se no próximo poderemos ver novas restrições da pandemia. Esse crescimento de 7,7% do PIB no terceiro trimestre não deve se repetir nos seguintes, devido às incertezas. O governo sequer fixou uma meta fiscal para o ano que vem”, ressaltou. “Vai depender não só do comportamento da pandemia, mas da vacina o quanto antes e da celeridade na aprovação das propostas e das reformas. Isso trará uma visualização de que o governo poderá caminhar com austeridade e responsabilidade fiscal.”
 
 
 
Para não ver a popularidade desabar — analisa Castello Branco —, Bolsonaro deverá insistir em criar um programa com rótulo próprio ou aprimorar o já existente Bolsa Família. “Ele sabe que se não fizer um novo programa social, atendendo a esse segmento, sua apreciação vai cair. Como tem por objetivo a reeleição, vai procurar criar isso. Porém, está numa sinuca de bico. Por um lado, precisa do programa, mas por outro, está numa situação fiscal difícil e sem recursos, limitado pelo teto de gastos. Esse é um dos grandes desafios para 2021”, frisou.
 
 
 
Vera Chemim, advogada constitucionalista e mestre em direito público pela FGV (Fundação Getulio Vargas), defende e diz que a possibilidade de a economia decolar aos níveis esperados por Bolsonaro, até 2022, dependerá de outras variáveis, como investimento privado, além do desempenho do setor primário. O consumo das famílias será fundamental para que a demanda de bens e serviços da economia possa aumentar e pressionar positivamente o investimento privado nos três setores da economia.
 
 
 
“Para que o consumo das famílias possa crescer é necessário que a oferta de emprego seja estimulada. O governo precisa adotar estratégias eficientes e eficazes para atrair o investimento e o consumo estrangeiros”, destacou. “O Brasil também dependerá do nível de crescimento dos países desenvolvidos, levando em conta a pandemia e outros problemas dela decorrentes, que podem contribuir negativa ou positivamente para a economia brasileira, a julgar pelos níveis de importação daqueles países e da sua disposição em investir no Brasil.”
 
 
 
Riscos
 
 
 
O economista-chefe da consultoria Necton, André Perfeito, estima a alta do PIB de 2021 em 2,8% e um mercado de trabalho deficitário. “É difícil fazer projeções mais otimistas. Estamos pendurados em eventos exógenos aos modelos anteriores. A ausência do auxílio emergencial, por exemplo, pode fazer a taxa de desemprego chegar a 25%”, disse.


› FONTE: As informações são do Correio Braziliense.