AL de MS sedia encontro sobre doença renal crônica com presença do Ministro da Saúde
Publicado em 30/03/2019
Editoria: Saúde
Na tarde de ontem (29) foi realizado pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS) em conjunto com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), com a Associação Brasileira de Centros de Diálise e Transplante (ABCDT) e com as Associações dos Pacientes Portadores de Doença Renal Crônica do Mato Grosso do Sul, o 1º Encontro Público Privado Sobre Doença Renal Crônica e Terapia Renal Substitutiva.
O evento foi proposto pelo deputado Antonio Vaz (PRB) e contou com a presença do ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta.
O deputado Antonio Vaz ao propor a realização do evento na Casa, defendeu a necessidade do encontro dos profissionais de saúde e a importância de debater sobre “a grande falta de recursos para a Terapia Renal Substitutiva e a necessidade de implantação de tratamento e prevenção da doença renal crônica”.
Luis Henrique Mandetta iniciou o discurso falando sobre o sonho do transplante para os renais crônicos, sobre as dificuldades dos pacientes e a necessidade de mudanças. “Hoje, aqui, uma mãe me disse que encontraram um doador para seu filho, mas ela não conseguiu a tempo preencher os requisitos burocráticos para que ele pudesse chegar para o transplante de avião. A sociedade brasileira faz as regras. Mas essas regras que são brutas com os brasileiros precisam ser modificadas”, afirmou o ministro.
Em seguida, Mandetta explicou, com perspectiva histórica, que o Sistema Único de Saúde (SUS) não está completo, mas sim em construção. “Ousados, nós, um país de terceiro mundo, criamos um sistema universal e integrado. Estipulamos na Constituição que a saúde é direito de todos. Muita gente critica o SUS, como se o sistema estivesse pronto quando escreveram a Constituição. Mas é um sistema em construção, e está em construção há 30 anos”, disse Mandetta.
O ministro da Saúde comentou, ainda, como era o atendimento antes de existir o SUS. “Existiam os pagantes e os indigentes. Os indigentes viviam das santas casas de misericórdia”. Ele destacou que hoje, continua sendo diferencial de Mato Grosso do Sul o acolhimento de pacientes dos países vizinhos. “Em Mato Grosso do Sul, temos um outro agravante, somos divisas secas com dois países da America do Sul que têm mais carência, Paraguai e Bolívia. As pessoas vêm ao nosso estado devido a ânsia pela vida, e a vida não respeita fronteira”.
Para Mandetta, a perspectiva futura é de melhora no serviço de saúde pública de todo o país. “Estamos avançando e vamos avançar ainda mais. Estamos estudando a implantação do Plano Nacional de Saúde regionalizado e queremos aperfeiçoar a formação dos profissionais de saúde. Em saúde, a distância é ruim, os tratamentos precisam ser humanizados. As instituições de ensino não podem criar cursos à distância para profissões da saúde”, afirmou.
Vice-presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Daniel Calazans, foi um dos palestrantes e apresentou dados sobre a doença, destacando a importância da divulgação de informações para a prevenção. “A causa demanda atenção especial. São mais
de 40 mil novos casos por ano no país. Deveríamos fazer no Brasil cerca de 12 mil transplantes por ano e fazemos apenas seis mil. As pessoas precisam ter informações sobre o que gera a doença e fazer exames de prevenção, precisamos que a população esteja sensível a esta questão”, afirmou Calazans.
Também participou do Encontro a médica fundadora e presidente da Associação Beneficente dos Renais Crônicos de Mato Grosso do Sul (Abrec-MS), Maria Aparecida Arroyo, que comentou sobre as boas expectativas quanto ao apoio do governo federal para fomentar as linhas de cuidado. “Estamos animados e esperançosos, porque o nosso atual ministro da saúde, que está aqui hoje, é comprometido com o assunto e está nos oferecendo apoio”, afirmou a médica.
Para o presidente da Federação Nacional dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados (Fenapar), Renato Padilha, o evento é um marco. “Reunir as autoridades da saúde para conversar sobre a doença renal crônica faz desse evento um marco diferente no histórico dos renais desse país. É valiosa a presença de tantos colegas pacientes renais, pois eu também sou paciente renal transplantado, acredito que essa é uma oportunidade para colocarmos os nossos sentimentos sobre as demandas do nosso país em geral”, afirmou Padilha. Ele disse ainda que “a vitória da doença renal, passa pela prevenção”.
Diretor executivo da Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), Carlos Pinho comentou sobre o papel das clínicas, que vão além do tratamento da doença em si. “As clínicas de diálise trabalham, além do tratamento da doença, com a prevenção, e interagem diretamente com as prefeituras no combate à doença. São 710 clínicas de diálise no Brasil, e precisamos de eventos como esse para estimular que juntos pensemos em mais formas de divulgar a importância da prevenção”, afirmou Pinho.
Ciro Bruno Costa, vice-presidente do Centro Oeste da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), afirmou que as duas principais causas da doença renal crônica são hipertensão e diabetes, e que é preciso educar para prevenir. “Existe uma epidemia silenciosa de doença renal crônica, pouco sintomática, negligenciada pela maioria dos países no mundo todo. Nossa sociedade acredita que programas educacionais contínuos colaboram com a prevenção”, disse Ciro.
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› FONTE: AL MS