Corpo do Major da reserva Paulo Setterval foi sepultado na manhã desta terça-feira
Publicado em 16/04/2019
Editoria: Polícia
Elaine (trança) abraçada ao filho e amigas durante o sepultamento.
Elaine Setterval é a imagem da tristeza na manhã desta terça-feira (16). No Cemitério Jardim das Palmeiras, ela ainda parece tentar entender a morte do marido, o major da reserva do Exército, Paulo Setterval. “Foi tão cruel, tão covarde”, resume sobre o assassinato na noite de domingo (14), na fachada de um hotel em Bonito.
A viagem deveria virar recordação boa, sobre dias de festa e reencontro com ex-colegas. Mas o desfecho do passeio em família foi dramático.
Elaine e Paulo haviam chegado no Hotel CLH Suítes à noite, mas ele resolveu descer para fumar. Preocupada com a demora do marido, a esposa telefonou, enviou mensagens e então resolveu ir até a rua, onde encontrou Paulo morto na calçada, cercado por curiosos.
Trinta horas depois, o assassino, Bruno Rocha, foi preso, por volta de 3h da madrugada em uma casa abandonada. A notícia minimizou a revolta, não a dor. “Ele deu uma facada só no coração do meu marido e tirou a vida da minha família”, comenta.
Depois de conversar com responsáveis pela investigação, Elaine ficou indignada com o motivo do crime. “Ele tinha prisão preventiva. Havia saído no domingo, armado, para matar a própria esposa e encontrou o meu marido pela frente.”
Apesar da experiência traumática, ela avalia bem o trabalho da Polícia Civil. “Quero agradecer muito a equipe de Bonito que não deixou mais um crime impune”.
O que parece confortar é o carinho de amigos e ex-alunos do major, conhecido professor de Matemática em Campo Grande, primeiro, pelo trabalho no Colégio Militar, depois na Escola Bionatus.
“Ontem, eram mais de mil pessoas aqui. O Paulo não era só um professor de sala de aula. Ele conseguiu agregar a vida de muitos jovens. Até hoje, alunos da época do Colégio Militar ainda paravam na rua”, diz Elaine.
O velório de Paulo Setterval começou às 21h de segunda-feira e o sepultamento ocorreu por volta das 10h da manhã de hoje. Além de centenas de alunos e amigos, diretores do Colégio Militar e representantes da PM estiveram presentes.
Professor - Reginaldo Chaparro trabalhou durante 10 anos ao lado do major no Colégio Militar e aproveitou a despedida para agradecer. "É uma grande perda. Quando entrei, ele já estava lá. Uma pessoa que estimulava muito todos dentro do magistério. Se dedicava 24 horas para a Matemática", diz.
Na sala de aula, Paulo será lembrado pelos ex-alunos pelo bom-humor, diz Fábio Sussuarana, de 39 anos. "Fui da primeira turma do Colégio Militar, um dos primeiro alunos dele. Apesar da postura séria, era engraçado Ele ainda tinha muito a contribuir. Não tem como esquecer a frase dele: &39;nunca, jamais em tempo algum dividiras por zero&39;", lembra.
Para a esposa, realmente, na divisão abrupta do último domingo, o quociente ainda tem amor envolvido. "É impressionante como ele era amado", conclui Elaine.
› FONTE: Campo Grande News