Rota Bioceânica: No fórum sobre o tema, países destacam integração
Publicado em 26/05/2022
Editoria: Política
ALEMS sedia maior evento já realizado no Brasil sobre Rota Bioceânica
Autoridades dos países da América do Sul envolvidos na Rota Bioceânica estão reunidas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), na manhã desta quinta-feira (26), para o 1º Fórum “A Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”. Na abertura do evento, o presidente do Poder Legislativo Estadual, deputado Paulo Corrêa (PSDB), disse que o Fórum projeta-se como marco da concreta integração sul-americana, com a convergência de interesses legítimos do Brasil, Argentina, Chile e Paraguai.
“A iniciativa se configura como um marco institucional e histórico da realização, em breve, da aspiração secular de termos assegurada uma saída para o Pacífico”, disse. De acordo com o presidente, Mato Grosso do Sul situa-se hoje na vanguarda do agronegócio brasileiro e, com a efetivação do Corredor Bioceânico, assumirá a condição de ‘hub logístico’, como porta de saída para grande parte da exportação de carne, grãos e produtos agroflorestais, como papel e celulose, do Centro-Oeste, tanto quanto de itens industrializados.
Na abertura do Fórum, um dos destaques foram assinaturas dos convênios de “Cooperação Comercial, Econômica e Produtiva entre Municípios do Norte do Chile, Norte da Argentina, Chaco Paraguaio e Mato Grosso do Sul, Brasil” e o de “Cooperação Institucional para a Constituição de um Comitê de Promoção Turística entre Municípios do Norte do Chile, Norte da Argentina, Chaco Paraguaio e Mato Grosso do Sul, Brasil”.
Além de Paulo Corrêa, fizeram parte da mesa de abertura dos trabalhos: o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; o ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França; o presidente da Frente Parlamentar Internacional do Corredor Bioceânico, senador Nelsinho Trad (PSD); o embaixador do Paraguai, Juan Angel Delgadillo; o embaixador da Argentina, Luis María Kreckler; o 1º secretário da Embaixada do Chile, Diego Araýa; a deputada federal Tereza Cristina (PP), e o presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), prefeito Valdir Couto de Souza Junior (PSDB).
Conforme o ministro Carlos França, o Corredor Bioceânico é um projeto estratégico para o Brasil e América do Sul e contribuirá para integração dos Estados e municípios ao fluxo internacional de comércio. “O Corredor vai muito além da construção de uma via de transporte. Será uma plataforma de integração territorial e desenvolvimento social, capaz de beneficiar as comunidades locais, por meio de fluxos de comércio e geração de empregos. Graças aos convênios que serão firmados pelas autoridades de Chile, Argentina e Paraguai, construiremos um novo eixo de desenvolvimento econômico. A conexão entre o Brasil com os portos do norte do Chile, com o chaco paraguaio e os centros econômicos argentinos, inaugurará um novo eixo de dinamismo econômico”, salientou.
Ainda segundo França, o Centro-Oeste será transformado em um novo polo de distribuição e centro logístico. O ministro informou diante da importante relação Brasil-Ásia, já foi reforçado o pedido para que o País seja membro-observador na Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Ele ainda disse que a construção daponte que ligará os municípios de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY), deve ser iniciada em breve e concluída em novembro de 2024. Com extensão de 1.294 metros e investimento de US$ 102,6 milhões (cerca de R$ 504 milhões), custeado pela Itaipu Binacional, a ponte será construída pelo Consórcio PY-BRA, formado pelas empresas Tecnoedil, Paulitec e Cidade. “Nos próximos anos é possível que toda extensão do Corredor esteja em boa condição de tráfego”.
O chileno Diego Araýa citou três pontos significativos entre os Países: o acordo de livre comércio, o contexto político e a diplomacia regional. De acordo com ele, esses fatores irão dinamizar o projeto do Corredor Bioceânico. O embaixador Luis María lembrou que na década de 70, tudo era planejado para não se integrar “Em 29 de julho de 1986, os governos da Argentina e do Brasil assinaram um pacto de amizade, que foi a base do Mercosul. Desde então, temos trabalhado muito até chegar neste dia de hoje. A integração física está sendo decidida aqui . Acordos e problemas aduaneiros serão debatidos e o ponto de partida foi construído em Mato Grosso do Sul”, falou.
O embaixador Juan Angel Delgadillo enfatizou o espaço para debater os problemas dos países vizinhos. “Estarmos aqui é uma amostra viva que não é mais um projeto e, sim, uma realidade. As autoridades presentes e os governos locais representam o sensor do que a população espera de todos nós. Temos a oportunidade de colocarmos na mesa os problemas, as dificuldades dos operadores econômicos, o que precisamos fazer na agilização do fluxo de comércio e as muitas inquietudes das nossas comunidades’’.
Para o senador Nelsinho Trad, acompanhar o projeto do Corredor Bioceânico exige a prática contínua da diplomacia parlamentar. “Nos impõem um diálogo institucional e intersetorial, tanto nacional quanto internacional. O sucesso dele depende da sustentabilidade das relações e da governança entre os setores envolvidos. No Brasil, é preciso diminuir a dependência do transporte marítimo e desafogar o modal rodoviário, que enfrenta a elevação do preço do diesel”, frisou.
O governador Reinaldo Azambuja fez questão de ressaltar o momento histórico. “Ao participar desta frente de esforços e trabalho, coletivo e bem planejado, posso dizer que estamos vivendo um momento histórico. Na prática, a cada passo que a Rota Bioceânica se afirma como uma nova realidade, vamos tirando do papel e do nosso imaginário um sonho antigo, acalentando por diferentes gerações de brasileiros, paraguaios, argentinos e chilenos. O Corredor não apenas abre as portas do vasto Centro-Oeste brasileiro à América do Sul, mas aproximará nossa produção, comércio, turismo e cultura milenar. Os ganhos são exponenciais em termos de economia, tempo e redução de custos, o que certamente trará nosso vigor a balança comercial brasileira e latino-americana”.
Jaime Elias Verruck, secretário de Estado de meio Ambiente, Desenvolvimento econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), falou que a Rota Bioceânica deve ser sustentável, competitiva e inclsuiva.“Estamos criando um novo canal de comercialização no mundo. Vamos acessar novos mercados e deslocar mercados também. Os Estados e municípios precisam olhar o desenvolvimento inclusivo, como cada região irá absorver a renda e a riqueza que essa rota irá gerar. A Rota tem o olhar geopolítico internacional e o olhar para as pessoas. Então, melhora a competitividade e desenvolvimento, e precisa incluir nosso povos na geração de renda e qualificação profissional”.
› FONTE: AL MS