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Após 159 mm de chuva, dia é de faxina em vias e cartão-postal à espera de obra

Publicado em 05/01/2023 Editoria: Cidade


 
Volume previsto para 15 dias caiu em apenas 12 horas e espalhou estragos por Campo Grande
 
 
Nesta quinta-feira, dia seguinte à chuva forte de 159 mm (milímetros) em Campo Grande, a Avenida Guaicurus tem retroescavadeiras para remoção do barro que toma parte do asfalto. Na rotatória das avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel, o cenário ainda é de muito sedimentos na pista, que passa por uma faxina.
 
Enquanto isso, a passarela que cedeu no Lago do Amor, na Avenida Filinto Müller, tem apenas sinalização, sem nenhum sinal de obra para reparar o estrago num dos cartões-postais da cidade.
 
A Guaicurus, na esquina com a Rua dos Gonçalves, no Núcleo Habitacional Universitário, amanheceu com maquinário na ativa para remoção da terra. Os sedimentos são levados pela enxurrada que desce nas ruas sem asfalto, o resultado é pedra e terra na avenida.
 
Na chuvosa quarta-feira, carro atolou no canteiro central da Guaicurus e o trânsito ficou travado na região do Cemitério Parque Monte das Oliveiras. Os condutores de motocicletas ficaram com água quase na cintura ao fazer a travessia. Um bueiro cedeu com a força da enxurrada.
 
Segunda a empresária Irislândia Souza, 42 anos, o problema se arrasta por anos.  “Toda chuva é a mesma coisa. O barro e as pedras descem para cá e isso aqui vira um sabão de tão escorregadio. Às vezes perco o dia de trabalho porque os caminhões não tem como estacionar aqui do lado para carregar e descarregar. Quando chove na sexta-feira, as máquinas só vêm na segunda limpar e temos que ficar parados. Motoqueiro e pedestre passam derrapando no barro”.
 
No entorno do Lago do Amor, atrativo no campus da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a força da água derrubou uma passarela. Na manhã desta quinta-feira, ainda não havia obra no local.
 
Vendedor de água de coco, José Carlos monteiro, 57 anos, conta que a chuva forte chegou às 8h da manhã. Ele foi para a casa e quando retornou, três horas depois, a passarela já tinha cedido.
 
“Estou aqui há dez anos e é a primeira vez que fica desse jeito. Nunca vi nada assim”, diz José Carlos.
 
O ciclista Edson Fernandes Gadia, 39 anos, avalia que o conserto deve demorar. “O perigo maior é por conta dos carros. Acredito que vá demorar para ser feito reparo, quase certeza que demore meses”, diz. Sem a passarela, ciclistas e pedestres dividem espaço com os veículos na avenida.
 
“Passo aqui todo dia. Desde que fizeram a revitalização e colocaram uma segunda boca de lobo, nunca mais tinha enchido de água. Talvez, seja porque nunca tenha chovido igual. Foi uma barbaridade a força da água ontem. A passarela tinha rachaduras, mas eram pequenas. O jeito é usar a outra passarela. Mas acredito que logo venham arrumar, porque fica lotado de gente“, diz o aposentado José Bueno, 61 anos.
 
Ponto tradicional de alagamento, a rotatória da Avenida Interlagos, também conhecida como da Coca Cola, foi tomada pela enxurrada na manhã de ontem. Hoje, a água já tinha escoado, sem sinal de estragos, somente terra na via.
 
Na rotatória da Rachid Neder com a Ernesto Geisel, no Bairro São Francisco, a manhã é de trabalho de equipes da CG Solurb para remover o barro da pista. Os trabalhadores puxam os sedimentos em direção ao canteiro da rotatória. A enxurrada também arrastou tronco de árvore, que está na calçada, e muitos galhos.
 
Já na Euler de Azevedo, um dos piores ponto de alagamento, só restou uma fina camada de terra, sem dano aparente no asfalto. Ontem, uma BMW 120i, avaliada em R$ 140 mil, foi praticamente encoberta pela água no cruzamento com a Rachid Neder, no Bairro Monte Castelo.
 
Do outro lado da cidade, no entorno do Parque da Nações Indígenas, o Córrego Prosa não tem mais alagamento, com o volume de água compatível com a extensão do lago principal. O parque foi fechado ontem por questão de segurança.
 
De acordo com a prefeitura de Campo Grande, equipes estão espalhadas pela cidade, num contingente de 200 homens e 40 caminhões e máquinas. Os serviços são de remoção de sedimentos nas vias de grande fluxo.
 
Conforme o Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e Clima de Mato Grosso do Sul), foram 159,2 mm de chuva em 12 horas. Para se ter ideia, a previsão era ter esse acumulado de chuva entre 2 e 18 de janeiro.
 
Volume próximo a esse foi registrado apenas em 18 de agosto do ano passado, quando foram 104 mm, e em 11 de março de 2021, com 102 mm.


› FONTE: Campo Grande News