''Bala não para carro'', diz PRF em júri com divergência e tensão
Publicado em 30/05/2019
Editoria: Polícia
O policial rodoviário federal Ricardo Hyn Su Moon, 49 anos, acusado de matar a tiros o empresário Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, durante uma briga de trânsito na manhã do dia 31 de dezembro de 2016, em Campo Grande, já foi ouvido no julgamento que ocorre nesta quinta-feira (30), na 2ª Vara do Tribunal do Júri. O depoimento de Moon durou 1h20 minutos.
Além do policial, também foram ouvidos Vinícius Cauã Ortiz Simões, na época com 17 anos, e Agnaldo Espinosa da Silva, 51 anos. Ambos estavam no veículo com Adriano no momento do crime.
Os depoimentos de Vinícius e Agnaldo divergem da versão apresentada por Ricardo, desde o posicionamento dos carros no momento dos disparos, até o momento que os tiros foram realizados pelo policial.
Segundo Agnaldo, o veículo de Adriano ser fechado pelo carro do policial. Ele também afirmou que Ricardo desceu do carro xingando o trio e que, antes dos disparos, o empresário chegou a pedir desculpas três vezes.
No depoimento, Moon negou a versão de Agnaldo e relatou que estava parado em um semáforo na Rua 26 de Agosto, quando Adriano trocou de pista e parou bruscamente atrás de seu veículo. Ele teria descido do carro achando que poderia ser um assalto ou execução.
Moon explicou que se identificou como policial e só disparou quando percebeu que Adriano funcionou a caminhonete em que estava para deixar o local. Na dinâmica apresentada durante o depoimento, o policial disse que após o empresário ligar o carro, ele se jogou no capô do próprio veículo. Porém, não soube afirmar se os disparos foram realizados antes ou depois da ação. Essa dinâmica não consta na reprodução simulada do caso.
A juíza Denize de Barros Dodero questionou o policial sobre o motivo dele não ter atirado contra os pneus da caminhonete de Adriano em vez de ter disparado contra o trio. Segundo Moon, tudo o que foi feito naquela abordagem foi em legítima defesa. &39;&39;Bala não para carro. O que iria parar seria uma ação contra o operador do veículo. Tudo foi na intenção de legítima defesa e para resguardar a vida", explicou o PRF.
A magistrada também questionou como ele avalia a abordagem e até que ponto ele agiu como vítima e policial. &39;&39;Fiz a abordagem corretamente. Me identifiquei como polícia. Em geral, as pessoas atendem, somente os bandidos se mostram resistentes", disse.
A primeira parte da julgamento também foi marcada por momentos de tensão. O advogado e assistente de acusação, Irajá Pereira, fez perguntas ao policial e insistiu na dinâmica do tiro. Moon respondeu que foi tudo muito rápido e que não havia como precisar. &39;&39;O senhor anda ou respira primeiro?&39;&39;, questionou Irajá.
Também houve momento de atrito entre o réu e a promotora Lívia Carla Guadanhim Bariani. Moon foi interrompido pela representante do MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e ressaltou que estava &39;&39;tentando terminar a frase&39;&39;.
Cancelamento - No dia 11 de abril, Moon foi levado a júri no período da manhã, com depoimentos de duas vítimas que também estavam na caminhonete no dia do assassinato e do réu. Contudo, um dos sete jurados teve crise de hipertensão e o julgamento foi cancelado.
› FONTE: Campo Grande News