Aquidauana sediou o 1º Fórum Regional do Ensino Fundamental em Tempo Integral com discussões entre gestores educacionais dos municípios de Anastácio, Miranda, Bodoquena, Ladário, Dois Irmãos do Buriti e Distrito de Camisão.
Cerca de 70 profissionais da educação entre secretários, professores, diretores e coordenadores, expuseram suas experiências dentro de sala de aula onde está sendo explorada uma nova vertente da pedagogia, a transição da educação convencional para o período integral nas escolas municipais (ensino fundamental) de Mato Grosso do Sul.
Foram coletadas diretrizes bem como as visões que cada educador tem sobre a escola em tempo integral. Ao final do ciclo de discussões por meio dos Fóruns de Educação, cada região vai apresentar seu diagnóstico de como traçar o caminho pra implantar aos alunos do ensino fundamental, o período integral de educação.
Na próxima semana a organização dos Fóruns Regionais fará uma reunião para analisar o apanhado das informações coletadas, juntamente com o idealizador do Fórum, o deputado estadual Felipe Orro, que participou das oficinas realizadas com os educadores.
Felipe afirma ser uma satisfação poder iniciar em Aquidauana, o ciclo de debates com os municípios da região Sudoeste sobre a escola em tempo integral. “Nós viemos discutir a implantação da escola em tempo integral que nós queremos. Destas ideias e experiências, vamos elaborar um relatório para subsidiar a implantação da escola em tempo integral. Queremos criar um modelo ideal com a participação ativa dos educadores”.
O encontro foi na tarde desta segunda-feira (17), no Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (SIMTED) e contou com três palestras que discutiram os Fundamentos Legais da Escola em Tempo Integral (Professora Cilmara Ayache), O Modelo da Escola de Ensino Fundamental em Tempo Integral do Município de Campo Grande (Assessora técnica da SEMED-CG, Rosângela Estrada) e O Modelo da Escola de Ensino Fundamental em Tempo Integral do Estado de Mato Grosso do Sul (Coordenadora de Políticas para o ensino Fundamental da SED/MS, Eleida Adasmiski).
Oficinas
Durante oficina realizada no Fórum, formaram-se grupos de trabalho com os principais atores desta interlocução entre o Estado, municípios e gestores educacionais, na busca de dados da Educação, expectativas, realidades, e experiências de cada município. Ao final do ciclo de discussões pelo Estado, cada região deverá apresentar suas diretrizes e o resultado do Fórum será a tabulação dos dados para elaboração da proposta de um modelo de Escola em Tempo Integral comum para todos os municípios, publicado em livro ou revista, que sistematizará todos os dados levantados.
O prefeito de Anastácio, Nildo Alves de Albres, garante que a Escola em Tempo Integral é um sonho para todo gestor e profissional da Educação, que requer atenção e investimento do poder público. “Os problemas e as soluções dos municípios do Brasil estão numa fomentação da Educação. Temos que preparar as nossas crianças e os nossos alunos para um futuro próximo. Mas, nós temos a questão do financiamento, porque sem o financiamento do Governo Federal e do Governo do Estado, não acontecerá uma educação em tempo integral”.
Para a secretária de Educação de Bodoquena, Valdisa Dias Olanda, a escola integral oferece possibilidade aos educadores em estar atendendo melhor seus alunos. “Na escola integral você vai conviver mais com esta criança, mas também tem que ser uma escola que dê condições aos professores em buscar estratégias para ajudar seus alunos”.
Já para a secretária de Educação de Miranda, Elaine Cristina F. Brito, a escola em tempo integral é um projeto que deve ser bastante discutido e abordado, pois depende dos investimentos de recursos. “Nós precisamos principalmente da construção de escolas, apoio pedagógico, valorização profissional. Mas nós estamos dispostos a lutar e conquistar este espaço de implementação da educação em tempo integral”.
A coordenadora Regional de Educação de Aquidauana (CR1), Gleide Godoy Veloso Gomes, conta que sua coordenadoria é uma extensão da Secretaria Estadual de Educação (SED) e lembra que o Estado já iniciou os trabalhos com escolas em período integral, porém, precisa adequar o ambiente escolar ao “novo aluno”.
“Nós já começamos a trabalhar com as escolas de período integral no Estado e estamos trabalhando gradativamente nessa implantação. Nós temos um novo aluno, hoje, na nossa sociedade. Nós precisamos ter um novo professor e uma nova escola como um ambiente de aprendizagem não só para o aluno, mas também para os professores, principalmente para os coordenadores. É isso que está acontecendo na Rede Estadual de Educação, é o espaço da aprendizagem onde nós temos o aluno como nosso protagonista e não como um problema, ele é a nossa solução”, pondera Gleide Gomes.
Ao lembrar os problemas estruturais e de manutenção das redes municipal e estadual de ensino no Estado, a secretária de Educação de Aquidauana, professora Ivone Nemer, garante que é necessário iniciar os debates com todos os municípios da região sudoeste. “A escola em tempo integral é necessária, o currículo precisa ser melhorado, inclusive nós estamos trabalhando na reelaboração das propostas pedagógicas de cada escola. Essa parte precisa de fato ser debatida dentro de sala de aula, dentro das escolas. E estamos ai para fortalecer este momento de debate, desta estrutura da escola em tempo integral”.
Quanto ao fator investimento, a secretária de Educação de Anastácio, Cimara Cabral, diz que a maioria dos participantes do Fórum de Educação mencionou a questão do financiamento. Porém, destaca que é preciso saber as formas de implantação do modelo integral de Educação. “A questão do financiamento é só uma das etapas e nós sabemos que a Educação caminha pra isso. Temos exemplos de escolas que fazem isso no Estado sendo um referencial para nós. Nosso desafio é estar sentando, tratando disso de tal maneira que a gente atenda o plano municipal e também tenha recurso para estabelecer a proposta no município”.
O professor Jairo Barbosa é presidente do Conselho Municipal de Educação de Bodoquena e garante que o Fórum é de grande valia para a melhora da qualidade de Educação no Estado. Entretanto, lamenta o déficit de investimentos públicos na Educação.
“Penso que as políticas públicas de educação precisam avançar muito. Nós temos algumas estatísticas da Educação Integral no Brasil e realmente, quando se trata da meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE), nós temos muito o que caminhar. Portanto, eu creio que esta mobilização é importante e devemos parabenizar a iniciativa do deputado Felipe Orro que traz este fórum de discussão”.
De acordo com a meta 6 do Plano Nacional de Educação (PNE) – Educação Integral, os municípios devem atingir 50% das escolas públicas, com jornadas diárias de sete horas ou mais, até 2024, e garantir que no mínimo 25% dos alunos da Educação Básica sejam atendidos em jornadas ampliadas nas instituições.
A ideia de realização dos fóruns regionais partiu da audiência pública que analisou “Os Avanços e Desafios da Escola em Tempo Integral”, proposta pelo deputado estadual Felipe Orro, autor da emenda número 62 à Constituição Estadual que prevê a implantação do Ensino em Tempo Integral em toda rede pública da Educação Fundamental.
O Fórum Regional de Aquidauana teve apoio do Governo do Estado, da Prefeitura Municipal de Campo Grande, do Simted de Aquidauana, e das Coordenadorias Regionais de Educação (SED).
Esteve presente o presidente da Câmara de Anastácio, vereador Lincoln Pellicioni; o secretário de Educação de Dois Irmãos do Buriti, Marcos Savitraz; o vereador de Anastácio, Aldo José; o presidente do Simted/Aquidauana, Francisco Tavares; a assessora técnica da SEMED-CG, professora Anadir Francisca de Oliveira; professores e diretores escolares.