Melhor falidos do que falecidos, diz poesia "a morte é um insulto"
Publicado em 15/04/2020
Editoria: Arte e Cultura
A morte é um insulto!
Tudo começou com um surto,
O peito, tá dilacerado, ao ver a quantidade de corpos empilhados.
A comida esfria daquele que ali antes servia, mas agora tem seu corpo queimado, descartado, e jogado em uma vala fria.
Eles perguntam, qual o custo? E eu lhes pergunto, não tá quitado? Ou melhor, vocês estão endividados! Não pagaram o suor e o sangue daqueles que sempre foram explorados.
De degrau em degrau, a nossa meta é persistir e alcançar o santo graal, quando na real, o número de mãos que nos ajuda a subir, não é suficiente pra esse lamaçal.
E não se assustem, quando eu digo que caridade é um perigo!
Afinal, a bondade combina mesmo, é com justiça social!
Movida pela angústia de ver em vídeos as cenas que tomou as ruas do Equador, de parentes queimando os corpos de familiares vítimas do coronavírus, que a estudante de Ciências Sociais e Psicologia, Ladielly Souza, de 23 anos, resolveu escrever. As palavras se encontram no poema acima, "A morte é um insulto", que foi postado em seu perfil do Instagram.
Inspirada no slam, projeto nacional que leva competições de poesia para as ruas, e em uma frase que leva para a vida, de Nietzsche, "temos a arte para não morrer da verdade", Ladielly não só escreveu como declamou.
"Faz muito sentido essa frase para o momento que estamos vivendo, de tantas incertezas. Além da crítica, a gente precisa pensar na nossa saúde mental, e desenhar, se expressar, falar, gravar vídeos como eu gravei, nos ajudam neste momento", diz.
Parte das frases mais emblemáticas ela explica, como as "valas frias", uma referência às valas comuns abertas em Nova Iorque.
"E quando eu falo &39;qual é o custo? É porque me lembrei da fala daquele empresário de uma rede de restaurantes. Essas referências me assustam muito, porque as pessoas estão colocando o lucro acima da vida, e tem que ser ao contrário. Economia a gente pode recuperar, os mortos não".
No fim, ao falar que "caridade é um perigo", Ladielly faz uma provocação, não por não acreditar em caridade, pelo contrário, ela defende que temos que dividir e ajudar pessoas que estão em estado de vulnerabilidade. "Aquilo vai fazer diferença na vida da pessoa naquele período, mas para que se mude a estrutura, para que realmente atinja milhares de pessoas, tem que vir de políticas públicas".
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› FONTE: Campo Grande News