Primeira Miss Mãe Indígena é também a primeira moradora da aldeia urbana, Adelina da Silva, de 59 anos (Foto: Kamila Alcântara)
Aldeia Água Bonita fecha as comemorações do mês dos Povos Originários
As mães da Aldeia Urbana Água Bonita, na região do bairro Tarsila do Amaral em Campo Grande, customizaram seus trajes típicos e desfilaram pela primeira vez em um concurso de beleza feito para elas - o Miss Mãe Indígena. O evento deste domingo (12) fecha as celebrações especiais do Mês dos Povos Originários.
Com muitas penas, óculos escuros e aos 83 anos, Balbina da Silva é a anciã da comunidade e decidiu participar do concurso para acompanhar a amiga de bailes, a também octogenária Nita Dias. Ela compartilha uma história de vida sofrida, pois teve que sair de Miranda, a 208 km da Capital, depois que o pai morreu e a mãe não tinha como cuidar dos filhos, mas não tira o sorriso do rosto.
“Tive nove filhos, todos nasceram aqui em Campo Grande, então fazem mais de 50 anos que vim para cá. Nem vi a minha mãe morrer, foi lá na nossa terra. Mesmo com todas essas lutas, é preciso saber viver com alegria e amor. Eu sou feliz assim! Vivo bem e forte aqui, onde somos uma família”, disse a anciã.
Adenilda Martins, 30, veio de Aquidauana com a mãe aos 14 anos para conseguirem trabalhar. “Ter eventos assim valorizam nossa cultura e quem nós somos de verdade. Sai da aldeia para conseguir oportunidades de emprego, para sobreviver, então é importante fazer esse resgate", acredita.
Das 13 candidatas, a que conquistou a faixa de Miss foi Adelina da Silva, 59 anos, a primeira moradora a conquistar uma casa na Aldeia Urbana Água Bonita. Ela nasceu na Terra Indígena Taunay, e hoje é a matriarca de uma família com cinco filhos, 13 netos e três bisnetos.
"Mães são raízes, que precisam ter força e coragem para cuidar dos filhos. Só quando conseguimos ser essas raízes fortes que vamos criar frutos saudáveis, felizes", defende a ganhadora do concurso.
Segundo o presidente da Associação de Moradores da Aldeia, Aldo Romero, a comunidade é formada por 300 famílias e todos os anos a festa dos Povos Originários é feita com ajuda de doações. “São mães que representam as 300 famílias aqui da comunidade. É o primeiro evento desse tipo e conseguimos doações para conseguir os prêmios e tudo aqui da festa"
Missionário em causas humanitárias, com experiências até na Amazônia, o pastor Israel Fonseca foi um dos jurados e achou a iniciativa importante para a cultura terena. “Isso aqui é a sustentação das tradições deles, que precisa se perpetuar para as próximas gerações. Avaliamos os trajes, todos feitos de sementes, os desejos características da etnia e alegria".
› FONTE: Campo Grande News