Projeto desenvolvido na aldeia Limão Verde criou um viveiro de mudas para guardar sementes e resgatar saberes
Pensar em novas tecnologias é essencial, mas pensar no passado como uma solução para tentar barrar a destruição da natureza e valorizar os povos indígenas é uma chave que vem sendo pensada em Mato Grosso do Sul. Exemplo disso é a Aldeia Limão Verde, em Aquidauana, que recebeu um projeto para construir viveiro de mudas, resgatar os conhecimentos ancestrais e ainda ensinar o povo terena a empreender no ramo.
Com essa união, o Pantanal ganha sendo reflorestado, os povos indígenas entram em foco e a roda gira de forma sustentável.
Fundadora do grupo Chalana Esperança, uma iniciativa de mulheres para a conservação do Pantanal, Luciana Leite explica que o projeto Restaurando Verdes e Saberes surgiu em 2021. Nesse período, o grupo estava começando a ter contato com lideranças indígenas da comunidade Taunay-Ipegue.
Entre as memórias, a bióloga descreve que o desejo apresentado pelas lideranças era de conseguir produzir mudas para reflorestamento, tanto de uso medicinal quanto alimentício e que possuem importância ancestral.
Descobrimos que essa vontade era compartilhada por outras comunidades indígenas do Estado e percebemos que havia ali também a oportunidade de ajudar na geração de renda nessas comunidades, a partir da comercialização de mudas com projeto de reflorestamento”, descreve Luciana.
Em um cenário tão hostil para os povos originários, ações como essa fazem diferença em situações que vão além dos conflitos que sempre estão em pauta, defende Luciana.
“Muitas vezes, nos deparamos com dados que mostram a vulnerabilidade sócio econômica de muitas famílias indígenas. A verdade é que faltam incentivos econômicos e investimentos do estado para que os povos indígenas possam prosperar em seus próprios territórios”.
Neste primeiro ano, as ações estão sendo desenvolvidas na aldeia Limão Verde e a previsão é de encerramento em fevereiro de 2025. Ao todo, serão completadas mil mudas nativas no território.
Segundo Luciana, o projeto já está nas etapas finais com o viveiro finalizando e sendo usado, além de oficinas sendo realizadas com a comunidade.
“O projeto, como um todo, só é possível graças à generosidade e apoio de muita gente. Desde a doação de recursos financeiros necessários para a sua execução até a doação de sementes por outras organizações do terceiro setor, a exemplo do Instituto Taquari Vivo”, diz.
Além disso, os cursos também funcionam graças a uma rede de apoio. A fundadora do Chalana Esperança destaca que eles têm sido colocados em prática com a contratação de instituições e empresas que já têm experiência com restauração. Exemplos são o Instituto SOS Pantanal e a Restaura.
E, após encerrar esse ciclo, o objetivo é levar o projeto para outros territórios, além de aldeias urbanas em Campo Grande. “Valorizando o conhecimento ancestral e tornando rentável o papel de guardiões da natureza já exercido, de forma gratuita, pelos povos indígenas”, completa.
› FONTE: Campo Grande News Lado B