Nesta quinta-feira, são poucos focos de incêndio, mas o terreno íngreme dificulta o combate e facilita o retorno das chamas
A Serra da Bodoquena segue pegando fogo nesta quinta-feira (18). Agora, são poucos focos de incêndio, mas o terreno de difícil acesso dificulta o combate e facilita o retorno das chamas. Brigadistas do ICMbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) trabalharam no local até às 20h de quarta-feira e bombeiros seguem nos esforços para impedir que as chamas se espalhem mais uma vez.
“Lá é uma morraria, então tem áreas muito íngremes, em que é impossível subir para combater e a gente tem que esperar o fogo descer até locais onde o combate é possível. Isso complica demais, porque você combate em uma área, mas o fogo se espalha para outro local e a gente precisa ir apagando aos poucos”, explica o chefe do Parque Nacional da Serra da Bodoquena, Sandro Pereira.
Segundo o sargento Edinei, do Corpo de Bombeiros, que atua na linha de frente do combate ao incêndio na serra, a situação está controlada nesta manhã. “Tem toco queimando em área que já foi queimada. É só no cume do morro mesmo”. Os picos da serra são, justamente, as áreas de mais difícil acesso. No entanto, por tratar-se de área com vegetação preservada, a evolução das chamas é lenta.
O incêndio ainda atinge a área do assentamento Canãa, agora em região mais distante da pousada Refúgio Canaã. “Esse fogo não foi totalmente debelado em nenhum momento, ele vai e volta. Quando está fresco e não venta, à noite, ele para. Mas, de 12h às 16h, ele volta tudo outra vez, tem muitos tocos secos, é cíclico”, afirma Aparecido Rojo, proprietário do estabelecimento. As chamas também se distanciaram do Parque Nacional.
Desde sexta-feira
O incêndio em um dos principais cartões postais de Mato Grosso do Sul começou na sexta-feira (12), quando uma mulher de 67 anos colocou fogo em folhas secas no quintal do sítio onde vive, na região do Balneário Vale do Paraíso. Depois, espalhou-se para o assentamento Canãa, passando pela cachoeira Boca da Onça e ameaçando o Parque Nacional da Serra da Bodoquena.
Na terça-feira (16), uma garoa diminuiu os impactos das chamas e a serra amanheceu sem focos de fogo aparentes. No entanto, bombeiros e brigadistas seguiram trabalhando no rescaldo do incêndio. Na tarde desta quarta-feira, o CBMMS (Corpo de Bombeiros Militar de MS) confirmou uma reignição dos focos, que exigiu combate até à noite.
Ao longo desses dias de incêndio, é possível identificar um padrão na dinâmica das chamas: se fortalecem à tarde e diminuem de intensidade à noite e de manhã. “À noite é fresco, então de manhã tem só uma fumaça. À medida que o sol esquenta e vem o vento, as chamas começam de novo”, explica o proprietário do Refúgio Canaã, Aparecido Rojo.
A principal dificuldade dos bombeiros e brigadistas são as condições do terreno. Em área de morraria, com solo íngreme e vegetação densa, é impossível chegar a alguns pontos da Serra da Bodoquena. Assim, é necessário aguardar a dinâmica natural do fogo, quando os focos se concentram no cume da serra, local de acesso muito difícil, segundo o chefe do Parque Nacional, Sandro Pereira.
Bombeiros e brigadistas
Ainda conforme Sandro Pereira, o comandante dos bombeiros que atuam nesta ocorrência solicitou uma reunião para traçar estratégias de combate, com objetivo de finalizar os focos de incêndio por lá. Os brigadistas do ICMbio, sob comando do chefe do Parque Nacional, são mais preparados que os bombeiros para acessar as morrarias mais íngremes.
Assim, o CBMMS concentra seus esforços em proteger propriedades e monitorar o avanço das chamas. No entanto, os brigadistas não têm efetivo suficiente para manter as operações sem interrupção. “O melhor horário para combate é agora de manhã, no fim da tarde e à noite. Como não estamos acampados lá, não tem como fazer os dois períodos”, explica Sandro Pereira.
› FONTE: Midiamax